A série Sengoku começou em 1991 com o lançamento do primeiro jogo para as plataformas Neo Geo (MVS e AES). Todos os jogos são beat ´em ups em que é possível jogar de dois jogadores. No meu caso, joguei ambos sozinho e contando com a ajuda da Unibios para conseguir chegar ao final deles, caso contrário dificilmente algum dia eu chegaria pela quantidade de vezes em que morri nos dois jogos.
Minha vontade de jogar a série começou quando eu assisti o vídeo abaixo sobre o Sengoku 2 do CGR.
O Ruffus daqui do fórum já tinha falado sobre a série comigo e que eu deveria pegar os jogos dela, mas só depois de ver esse review é que a vontade e a curiosidade realmente bateram.
Assim que peguei os jogos nesse último sábado, fui logo tentar jogo o Sengoku 2, mas o cartucho não queria pegar. Então, decidi testar o cartucho do primeiro Sengoku e ele pegou de primeira. Que grata surpresa foi tê-lo colocado para jogar. Vale citar que todas as fotos desse review foram tiradas por mim enquanto jogava na PVM usando cabo Scart.
A história do primeiro jogo não é nada de especial: séculos atrás, o vilão havia sido derrotado por dois samurais, mas havia jurado que voltaria para se vingar. Quando ele realmente ressurge no futuro, com ele vêm forças malignas do Japão feudal para ajudá-lo a destruir o planeta. Para derrotá-los, há somente os dois personagens controláveis, mas que recebem ajuda de espíritos antigos.
Ao longo do jogo, é possível transformar o seu personagem em outros três (os citados espíritos antigos): um samurai, um lobo e um ninja. Enquanto o uso desses espíritos ocorre com um cronômetro na tela, eles possuem habilidades diferentes dos personagens normais. Eu achei que o único que vale a pena usar era o samurai. Os outros dois, nem tanto, principalmente o lobo.
Quando se está jogando sem nenhuma transformação, o personagem inicia lutando com os próprios punhos. Mas, isso não é ruim. Muitas vezes eu me vi jogando mais assim do que com alguma transformação. Mesmo com as mãos, é possível quebrar as espadas dos inimigos e dar muito dano neles.
Como é de costume nos jogos do gênero, há power ups ao longo das fases para ajudar o jogador. Alguns dão espadas, outros poderes mágicos e sempre são bem vindos. Alguns inimigos deixam, em vez de power ups de armas, orbs verdes que juntando recuperam a vida do personagem. Dentre os power ups, a espada dupla me pareceu mais fraca do que o esperado, ele dava o mesmo dano do que a espada simples. Um fato curioso das espadas que eu gostei é que os inimigos conseguiam bloquear e o som das duas espadas se encontrando era bem legal. Já as magias eram muito úteis e realmente faziam a diferença, ainda mais quando haviam muitos inimigos na tela.
Falando em inimigos, claro que há certa repetição dos inimigos ao longo do jogo, mas isso é algo normal para um jogo dessa época e do gênero. Mas, no geral, eu gostei da diversidade e das artes deles e dos chefes. São poucos os jogos que te fazem lutar contra inimigos que parecem ser as tartarugas ninjas e dragões robôs (tudo bem, esse último aparece um pouco mais nos jogos). A arte dos inimigos também faz jus a arte dos ambientes.
Para um jogo de 1991, eu fiquei impressionado com os visuais e os gráficos. Há vários ambientes durante o jogo, você começa em um cenário urbano genérico, passa por cenários espirituais, esgoto (cenário clássico de beat ´em ups), praia durante a noite, templos japoneses e até o céu. Enquanto a parte gráfica me deixou bastante feliz, a parte sonora me decepcionou um pouco. Durante o tempo em que joguei, notei várias vezes erros nos sons dos golpes. Pode ser que seja algum problema do cartucho por ter tempo em que ele não era jogado, mas pode ser que seja algum problema do jogo em si.
No geral, Sengoku foi uma belíssima surpresa. Ele tem um boa duração (em torno de 1h usando continues infinitos) e muitas partes deles envelheceram muito bem, principalmente na questão visual. Mas, um ponto que não posso deixar de citar é o nível da tradução para o inglês. Fazia tempo que eu não via uma tradução ruim assim, acho que a imagem abaixo já mostra melhor do que eu poderia descrever.
Logo depois de terminar o primeiro jogo, resolvi tentar de novo fazer com que o cartucho do segundo funcionasse. Na segunda tentativa, consegui com que ele pegasse.
Sengoku 2 foi lançado em 1993 para as mesmas plataformas que o primeiro jogo da série. E, assim como no primeiro jogo, a história deste é tão simplória quanto. A diferença é que desta vez o vilão tenta controlar o mundo através de eventos históricos, então em cada fase o jogador viaja no tempo para esses eventos a fim de derrotar o vilão.
Em compensação, nos outros quesitos, a evolução de um jogo para o outro foi muito grande. O gameplay ficou mais fluído, a movimentação do personagem e os golpes dados tiveram suas animações mais naturais. Enquanto no primeiro jogo, o encontro das duas espada acontecia, nesse ele ficou mais legal de se ver, tendo até mesmo uma pequena luta entre o personagem e o inimigo para ver quem irá conseguir dar o golpe. O personagem também vira para o inimigo e empunha a espada na direção dele, mesmo quando está andando para "cima" ou para "baixo". São esses pequenos detalhes que parecem ser coisas simples, mas fazem uma grande diferença, ainda mais quando você joga os dois jogos seguidos.
Sengoku 2 manteve o mesmo sistema de power ups do primeiro, mas agora os espíritos são diferentes, com exceção do animal. E no segundo jogo, o personagem sempre tem uma espada com ele em vez de usar os punhos. Mas, a maior diferença no gameplay são as partes das fases a cavalo. Eles dão uma diversificada interessante e bem-vinda ao jogo e são sempre gostosas de se jogar. Você pode controlar o cavalo somente para frente ou para trás e dar espadas nos inimigos, mas é gratificante ver as cabeças rolando e as animações são muito bem feitas. Os gráficos e o estilo de arte dessas fases também impressionam para um jogo de 1993.
E não é só nessa parte de cavalo que os gráficos me surpreenderam. O jogo inteiro é muito bonito, o estilo gráfico é ótimo, as cores são vibrantes, os cenários são bem detalhados. Esse quesito já era bom no primeiro, mas no Sengoku 2 a evolução é nítida, ainda mais jogando em uma tv antiga, seja uma normal ou uma PVM. A foto abaixo é a minha preferida entre todas as que tirei para os dois jogos. Como o Ruffus disse, ela é a foto capaz de vender o jogo. Acho que esse cenário em especial cairia muito bem na parte traseira da box art.
Na parte sonora também senti uma melhora, mas não tão grande como no visual. Presenciei menos glitchs de som ao longo do jogo.
Falando sobre os inimigos, tive a impressão de um maior índice de repetição nos sprites utilizados. Isso até não incomoda muito, porque o jogo é menor do que o primeiro. Acho que levei em torno de 50 minutos para terminá-lo também usando os continues infinitos. Mas, não deixa de ser um pouco chato ver sempre os mesmos inimigos com algumas alterações de cores. As lutas com os chefes são legais e os cenários são interessantes, com destaque para o da imagem abaixo.
Sengoku 2 mostrou como uma série podia evoluir em 2 anos no começo da década de 90. Alguns quesitos poderiam ser melhores, como o tempo de jogo e a diversidade de inimigos, mas como um todo, Sengoku 2 foi uma experiência mais agradável do que o primeiro Sengoku jogando agora em 2019 pela primeira vez. Apesar do custo alto para ser jogado nas plataformas originais, ainda mais no AES, foi uma experiência que eu não me arrependi de ter gasto o dinheiro. Para quem quer experimentar, é fácil, já que os jogos estão disponíves nas plataformas atuais a preços bastante justos. Jogando no coop a diversão deve ser ainda maior, mas jogando sozinho já diverte bastante.