Cientistas do projeto BrainGate2 desenvolvem sistema que transforma a atividade elétrica do pensamento captada por eletrodos em mensagens decodificadas por um computador
Num feito inédito que parece saído da ficção científica, pesquisadores americanos e alemães conseguiram fazer com que pacientes tetraplégicos movimentassem braços robóticos apenas com o poder da mente. Num dos casos, uma mulher que há 14 anos não tinha qualquer movimento de braços e pernas agora pode levar de novo uma xícara de café à boca. Sua mente controla um braço robótico que pega a xícara e a leva a sua boca. Parece um pequeno avanço para a maioria de nós que sequer pensa conscientemente antes de beber água quando tem sede. Mas para pessoas imobilizadas por lesões neurológicas é um ganho imenso de qualidade de vida voltar a poder fazer essas tarefas básicas, sem precisar de ajuda.
No estudo publicado na revista "Nature", cientistas do projeto BrainGate2 relatam como desenvolveram o sistema que transforma a atividade elétrica da mente captada por eletrodos em mensagens decodificadas por um computador, que ordena a braços robóticos que executem o que a pessoa deseja. Vários grupos de pesquisa no mundo desenvolvem tecnologias assim. Dentre eles está o do brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Porém, o estudo apresentado na "Nature" esta semana é o que foi mais longe com seres humanos.
A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe integrada por cientistas da Universidade Brown, do Hospital Geral de Massachusetts, da Escola de Medicina da Universidade de Harvard e do Centro Espacial da Alemanha.
O grande avanço aconteceu em 12 de abril, quando uma mulher paralisada há quase 15 anos, controlou um braço robótico para tomar café. A mulher, cujo nome não foi revelado, tem 58 anos. No estudo, ela é apresentada apenas como S3. O outro paciente é um homem de 66 anos, identificado somente como T2. Ambos sofreram derrames devastadores que lhes tomaram todo o controle dos membros superiores e inferiores.
No estudo os pacientes tiveram sua atividade neuronal usada para controlar diretamente os movimentos de dois tipos de braços robóticos. Um foi criado pelo Instituto de Robótica e Mecatrônica do centro alemão. O outro pela Deka Pesquisa e Desenvolvimento, uma empresa americana.
A base do sistema é um pequeno equipamento — do tamanho de um comprimido infantil — que acomoda 96 minúsculos eletrodos. Ele é implantado no córtex motor, a parte do cérebro que controla o movimento voluntário. Os eletrodos conseguem captar a atividade dos neurônios quando a pessoa pensa em determinada tarefa. Esses sinais elétricos são transmitidos para um computador externo, que transforma o padrão de pulsos nervosos em comandos para o braço robótico. O fundamental é o sistema computacional que consegue interpretar os sinais emitidos pelos neurônios e transmiti-los para o robô.
O estudo representa a primeira demonstração e o primeiro artigo com revisão por pares de pessoas com tetraplegia usando sinais cerebrais para controlar membros robóticos para que executem tarefas que os membros normais fariam.
- Nossa meta é desenvolver tecnologia para devolver a independência e a mobilidade de pessoas com paralisia - disse o chefe do estudo, Leigh Hochberg, da Universidade de Brown.
Ainda serão necessários vários anos antes que esse tipo de tecnologia possa se tornar uma opção para pessoas paralisadas. Por enquanto, ela é cara e experimental. Mas neurocientistas acreditam estar no caminho certo.
http://oglobo.globo.com/ciencia/tetraplegicos-controlam-robo-com-poder-da-mente-4913856
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Num feito inédito que parece saído da ficção científica, pesquisadores americanos e alemães conseguiram fazer com que pacientes tetraplégicos movimentassem braços robóticos apenas com o poder da mente. Num dos casos, uma mulher que há 14 anos não tinha qualquer movimento de braços e pernas agora pode levar de novo uma xícara de café à boca. Sua mente controla um braço robótico que pega a xícara e a leva a sua boca. Parece um pequeno avanço para a maioria de nós que sequer pensa conscientemente antes de beber água quando tem sede. Mas para pessoas imobilizadas por lesões neurológicas é um ganho imenso de qualidade de vida voltar a poder fazer essas tarefas básicas, sem precisar de ajuda.
No estudo publicado na revista "Nature", cientistas do projeto BrainGate2 relatam como desenvolveram o sistema que transforma a atividade elétrica da mente captada por eletrodos em mensagens decodificadas por um computador, que ordena a braços robóticos que executem o que a pessoa deseja. Vários grupos de pesquisa no mundo desenvolvem tecnologias assim. Dentre eles está o do brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Porém, o estudo apresentado na "Nature" esta semana é o que foi mais longe com seres humanos.
A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe integrada por cientistas da Universidade Brown, do Hospital Geral de Massachusetts, da Escola de Medicina da Universidade de Harvard e do Centro Espacial da Alemanha.
O grande avanço aconteceu em 12 de abril, quando uma mulher paralisada há quase 15 anos, controlou um braço robótico para tomar café. A mulher, cujo nome não foi revelado, tem 58 anos. No estudo, ela é apresentada apenas como S3. O outro paciente é um homem de 66 anos, identificado somente como T2. Ambos sofreram derrames devastadores que lhes tomaram todo o controle dos membros superiores e inferiores.
No estudo os pacientes tiveram sua atividade neuronal usada para controlar diretamente os movimentos de dois tipos de braços robóticos. Um foi criado pelo Instituto de Robótica e Mecatrônica do centro alemão. O outro pela Deka Pesquisa e Desenvolvimento, uma empresa americana.
A base do sistema é um pequeno equipamento — do tamanho de um comprimido infantil — que acomoda 96 minúsculos eletrodos. Ele é implantado no córtex motor, a parte do cérebro que controla o movimento voluntário. Os eletrodos conseguem captar a atividade dos neurônios quando a pessoa pensa em determinada tarefa. Esses sinais elétricos são transmitidos para um computador externo, que transforma o padrão de pulsos nervosos em comandos para o braço robótico. O fundamental é o sistema computacional que consegue interpretar os sinais emitidos pelos neurônios e transmiti-los para o robô.
O estudo representa a primeira demonstração e o primeiro artigo com revisão por pares de pessoas com tetraplegia usando sinais cerebrais para controlar membros robóticos para que executem tarefas que os membros normais fariam.
- Nossa meta é desenvolver tecnologia para devolver a independência e a mobilidade de pessoas com paralisia - disse o chefe do estudo, Leigh Hochberg, da Universidade de Brown.
Ainda serão necessários vários anos antes que esse tipo de tecnologia possa se tornar uma opção para pessoas paralisadas. Por enquanto, ela é cara e experimental. Mas neurocientistas acreditam estar no caminho certo.
http://oglobo.globo.com/ciencia/tetraplegicos-controlam-robo-com-poder-da-mente-4913856
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