Estava eu lendo sobre artigos de Magic em um site especializado no mesmo e achei esse texto muito bonito e 100% coerente, é um pouco longo mas aconselho a leitura, é um texto que se encaixa para qualquer competição e não apenas à Card Games...
O principal motivo pra se jogar.
Fama? Fortuna? Respeito? Existe uma enxurrada de motivos para aventurar-se em um jogo. Qual deles é o seu?
Joga pela Fama?
Bom, todo jogo tem seu universo próprio de personalidades e mitos, seja um craque do futebol, um gênio do xadrez ou até mesmo um comentarista de poker. Dentro do ambiente em que o jogo se desenrola, é natural que certas pessoas tenham mais destaque que outras, não somente os vencedores, como também organizadores, juízes e quaisquer pessoas envolvidas naquele mundo.
Ainda assim, a fama é um bem muito injusto, pois perde o valor muito rápido, é difícil que seus feitos incríveis de hoje tenham alguma relevância daqui seis meses ou menos, dependendo do jogo não duram sequer uma semana! E não bastasse a fama ser uma moeda tão depreciável, ainda tem uma péssima abrangência, afinal, ser famoso naquele jogo em específico, além da pequena duração, não importa nada para 99,99% das pessoas, estas que não conhecem ou não se interessam pelo jogo, e olhe que até craques do futebol passam despercebidos entre olhos de quem não se liga no esporte.
Fama é, acima de tudo, uma ilusão, algo que na maioria das vezes só existe na mente de quem a acha ter, e num geral é justamente quem não liga para isso que acaba atingindo-a, sem a necessidade de "manter" ou "provar a fama" que tem.
Joga pela fortuna?
Sim, todo mundo já sonhou em ganhar dinheiro fazendo aquilo que gosta, mas esse sonho, além de restrito a poucos, é uma armadilha para os desavisados.
Em primeiro lugar, jogar paga muito pouco, conheço inúmeros "jogadores profissionais" de Poker, Magic e afins que ganham menos de um salário mínimo por mês, e adotam o título de "profissionais" simplesmente porque não colocam a mão no bolso pra jogar.
Pois bem, esse tipo de jogador, voltado a resultados, precisa tratar o jogo como um trabalho propriamente dito, com horários, com metas e com pressão também, precisa estudar o ambiente em que joga, enfim, ele arca com uma série de responsabilidades de carater estratégico, que além de matarem boa parte da diversão com o jogo, ainda desgastam corpo e mente, e tudo pra ganhar o mesmo ou um pouco mais que um emprego operacional qualquer, só que "fazendo o que gosta".
Há exceções? Várias, tem sim gente que de fato vive uma boa vida graças ao jogo, mas como o nome sugere, são exceções. Não dá pra existir um grande vencedor sem que outros cem perdedores sustentem suas premiações, é matemática básica, para cada prêmio de vencedor, tem que ter X caras perdendo, que pagam não apenas o prêmio, mais o lucro de quem intermedia o jogo.
O pior é que poucos dos tais "profissionais" contabilizam na sua carreira o aspecto tempo, não há evolução de currículo, não há beneficios cumulativos pelo tempo de serviço, não há garantias de um futuro estável após anos dedicados naquilo, aplaudo de pé aqueles que de fato vivem de jogo, mas aplaudo mais ainda aqueles que reconhecem quando é hora de parar e voltar a tratar o jogo apenas como passatempo.
Joga pelo respeito?
Pois é, há gente que joga pra provar algo pra alguém. Ser o melhor da rua, o melhor da família, o melhor do país, enfim, o ser humano é um animal altamente ambicioso e competitivo, e de certa forma isso é muito importante, mas jogar tão somente para vencer causa mais prejuízo do que lucro.
Primeiro porque não tem como ganhar sempre. Simples assim. Qualquer jogo de alta qualidade dá margem para a aleatoriedade. Seja um azar no Magic, uma contusão no futebol, ou um trunfo do oponente no xadrez. Nenhum jogo em que você já começa vencedor é um bom jogo, então perder é parte natural do processo.
Segundo porque vencer acomoda. Vencer não te faz pensar nos erros que cometeu, não te faz corrigir vícios ou descartar atitudes equivocadas. Quanto mais você vence, mais irá mascarando pequenos erros que não comprometeram aquela vitória em específico, mas que podem destruir a sua estrutura enquanto jogador, justamente por não serem corrigidos antes que você atinja um bloqueio aonde esses erros não te deixem progredir e seu orgulho não te permita detectá-los.
É um dos defeitos da nossa sociedade moderna a "política dos vitoriosos", aonde quem vence tem razão, quem vence tem prioridade, e os que não vencem não merecem atenção nem respeito. Admita, vez ou outra voce também já se pegou defendendo um vencedor simplesmente porque ele tinha vencido, é algo inconsciente, mas ainda é uma injustiça.
Convenhamos: Perder é chato, mas ainda assim, se apenas seus oponentes perdem, o caminho natural é que eles troquem o jogo por algum mais equilibrado, ou simplesmente o excluam dele quando possível. Ficar no topo por falta de concorrência é tão empolgante quanto ser o cara mais rico de uma ilha deserta.
"Então tá titio Devan, Qual o motivo certo?"
Pois bem, como você pode notar, existem esses e muitos outros motivos para se jogar, mas nem sempre os motivos são bons! De fato, quando sua motivação pra jogar é negativa (fugir de um problema, por exemplo), o caminho mais correto é NÃO jogar!
E se me permite uma sugestão singela, eu tenho um ótimo motivo para entrar em qualquer jogo competitivo, seja Magic, seja Basquete, seja até Banco Imobiliário. Quer saber qual é?
Jogue pelas pessoas
Você não leu errado. Jogue em função do seu oponente. Jogue de maneira a tornar a experiência dele tão ou mais agradável que a sua, esse é de longe um dos melhores motivos para se jogar.
Na visão mesquinha de competição, oponente é aquele que precisa ser eliminado, que precisa dar passagem para o vencedor. Mas se você chuta o oponente pra fora do jogo de forma que ele não participe mais, simplesmente acaba o jogo. Como falei antes, não existem vencedores sem perdedores, e por mais que você, na eventual posição de vencedor, não tenha a obrigação de compensar todos eles, é fundamental que o jogo continue interessante para boa parte deles, caso contrário não haveria mais disputas.
Também são seus oponentes que geram a sua fama, seja ela negativa ou positiva, e jogando em função deles, você também gera a fama alheia, é uma relação recíproca de respeito, daonde muitas vezes pode brotar uma amizade duradoura, tudo graças ao jogo, que reuniu essas pessoas com gostos e hábitos similares, e que depois de jogar podem sair, se divertir e passar um bom tempo juntos.
E no final do dia, o jogo foi feito para isso mesmo: unir as pessoas. Até mesmo quando você está em um jogo solitário de Mario, os programadores do jogo estão comunicando algo pra ti, os seus amigos dividem experiências de jogo contigo e o ciclo continua. O jogo só se torna empolgante de verdade quando temos outras pessoas para dividir nossas conquistas, dúvidas e bons momentos, e enquanto troféus apenas acumulam mofo, as relações entre as pessoas crescem, em alguns casos pela vida inteira, sendo esses os maiores prêmios que qualquer jogo pode dar.
Pergunte a tantos jogadores profissionais o prazer que é comemorar um título com sua equipe de treino, ou quantas conquistas foram dedicadas àqueles que acompanharam a jornada desse vencedor. Pergunte também se qualquer prêmio superaria as inúmeras experiências que ele adquiriu no processo junto de outras pessoas, as risadas e tristezas compartilhadas, os momentos de tensão e comemoração, cada qual com sua igual importância.
É muito bom jogar, distrai a mente da rotina, impõe um desafio crescente e pode até dar um lucrinho vez ou outra, mas acima de tudo, são as pessoas que também dividem esse hobby contigo que tornam o jogo tão especial, único e empolgante, seja ele qual for.
Pense nisso.
O principal motivo pra se jogar.
Fama? Fortuna? Respeito? Existe uma enxurrada de motivos para aventurar-se em um jogo. Qual deles é o seu?
Joga pela Fama?
Bom, todo jogo tem seu universo próprio de personalidades e mitos, seja um craque do futebol, um gênio do xadrez ou até mesmo um comentarista de poker. Dentro do ambiente em que o jogo se desenrola, é natural que certas pessoas tenham mais destaque que outras, não somente os vencedores, como também organizadores, juízes e quaisquer pessoas envolvidas naquele mundo.
Ainda assim, a fama é um bem muito injusto, pois perde o valor muito rápido, é difícil que seus feitos incríveis de hoje tenham alguma relevância daqui seis meses ou menos, dependendo do jogo não duram sequer uma semana! E não bastasse a fama ser uma moeda tão depreciável, ainda tem uma péssima abrangência, afinal, ser famoso naquele jogo em específico, além da pequena duração, não importa nada para 99,99% das pessoas, estas que não conhecem ou não se interessam pelo jogo, e olhe que até craques do futebol passam despercebidos entre olhos de quem não se liga no esporte.
Fama é, acima de tudo, uma ilusão, algo que na maioria das vezes só existe na mente de quem a acha ter, e num geral é justamente quem não liga para isso que acaba atingindo-a, sem a necessidade de "manter" ou "provar a fama" que tem.
Joga pela fortuna?
Sim, todo mundo já sonhou em ganhar dinheiro fazendo aquilo que gosta, mas esse sonho, além de restrito a poucos, é uma armadilha para os desavisados.
Em primeiro lugar, jogar paga muito pouco, conheço inúmeros "jogadores profissionais" de Poker, Magic e afins que ganham menos de um salário mínimo por mês, e adotam o título de "profissionais" simplesmente porque não colocam a mão no bolso pra jogar.
Pois bem, esse tipo de jogador, voltado a resultados, precisa tratar o jogo como um trabalho propriamente dito, com horários, com metas e com pressão também, precisa estudar o ambiente em que joga, enfim, ele arca com uma série de responsabilidades de carater estratégico, que além de matarem boa parte da diversão com o jogo, ainda desgastam corpo e mente, e tudo pra ganhar o mesmo ou um pouco mais que um emprego operacional qualquer, só que "fazendo o que gosta".
Há exceções? Várias, tem sim gente que de fato vive uma boa vida graças ao jogo, mas como o nome sugere, são exceções. Não dá pra existir um grande vencedor sem que outros cem perdedores sustentem suas premiações, é matemática básica, para cada prêmio de vencedor, tem que ter X caras perdendo, que pagam não apenas o prêmio, mais o lucro de quem intermedia o jogo.
O pior é que poucos dos tais "profissionais" contabilizam na sua carreira o aspecto tempo, não há evolução de currículo, não há beneficios cumulativos pelo tempo de serviço, não há garantias de um futuro estável após anos dedicados naquilo, aplaudo de pé aqueles que de fato vivem de jogo, mas aplaudo mais ainda aqueles que reconhecem quando é hora de parar e voltar a tratar o jogo apenas como passatempo.
Joga pelo respeito?
Pois é, há gente que joga pra provar algo pra alguém. Ser o melhor da rua, o melhor da família, o melhor do país, enfim, o ser humano é um animal altamente ambicioso e competitivo, e de certa forma isso é muito importante, mas jogar tão somente para vencer causa mais prejuízo do que lucro.
Primeiro porque não tem como ganhar sempre. Simples assim. Qualquer jogo de alta qualidade dá margem para a aleatoriedade. Seja um azar no Magic, uma contusão no futebol, ou um trunfo do oponente no xadrez. Nenhum jogo em que você já começa vencedor é um bom jogo, então perder é parte natural do processo.
Segundo porque vencer acomoda. Vencer não te faz pensar nos erros que cometeu, não te faz corrigir vícios ou descartar atitudes equivocadas. Quanto mais você vence, mais irá mascarando pequenos erros que não comprometeram aquela vitória em específico, mas que podem destruir a sua estrutura enquanto jogador, justamente por não serem corrigidos antes que você atinja um bloqueio aonde esses erros não te deixem progredir e seu orgulho não te permita detectá-los.
É um dos defeitos da nossa sociedade moderna a "política dos vitoriosos", aonde quem vence tem razão, quem vence tem prioridade, e os que não vencem não merecem atenção nem respeito. Admita, vez ou outra voce também já se pegou defendendo um vencedor simplesmente porque ele tinha vencido, é algo inconsciente, mas ainda é uma injustiça.
Convenhamos: Perder é chato, mas ainda assim, se apenas seus oponentes perdem, o caminho natural é que eles troquem o jogo por algum mais equilibrado, ou simplesmente o excluam dele quando possível. Ficar no topo por falta de concorrência é tão empolgante quanto ser o cara mais rico de uma ilha deserta.
"Então tá titio Devan, Qual o motivo certo?"
Pois bem, como você pode notar, existem esses e muitos outros motivos para se jogar, mas nem sempre os motivos são bons! De fato, quando sua motivação pra jogar é negativa (fugir de um problema, por exemplo), o caminho mais correto é NÃO jogar!
E se me permite uma sugestão singela, eu tenho um ótimo motivo para entrar em qualquer jogo competitivo, seja Magic, seja Basquete, seja até Banco Imobiliário. Quer saber qual é?
Jogue pelas pessoas
Você não leu errado. Jogue em função do seu oponente. Jogue de maneira a tornar a experiência dele tão ou mais agradável que a sua, esse é de longe um dos melhores motivos para se jogar.
Na visão mesquinha de competição, oponente é aquele que precisa ser eliminado, que precisa dar passagem para o vencedor. Mas se você chuta o oponente pra fora do jogo de forma que ele não participe mais, simplesmente acaba o jogo. Como falei antes, não existem vencedores sem perdedores, e por mais que você, na eventual posição de vencedor, não tenha a obrigação de compensar todos eles, é fundamental que o jogo continue interessante para boa parte deles, caso contrário não haveria mais disputas.
Também são seus oponentes que geram a sua fama, seja ela negativa ou positiva, e jogando em função deles, você também gera a fama alheia, é uma relação recíproca de respeito, daonde muitas vezes pode brotar uma amizade duradoura, tudo graças ao jogo, que reuniu essas pessoas com gostos e hábitos similares, e que depois de jogar podem sair, se divertir e passar um bom tempo juntos.
E no final do dia, o jogo foi feito para isso mesmo: unir as pessoas. Até mesmo quando você está em um jogo solitário de Mario, os programadores do jogo estão comunicando algo pra ti, os seus amigos dividem experiências de jogo contigo e o ciclo continua. O jogo só se torna empolgante de verdade quando temos outras pessoas para dividir nossas conquistas, dúvidas e bons momentos, e enquanto troféus apenas acumulam mofo, as relações entre as pessoas crescem, em alguns casos pela vida inteira, sendo esses os maiores prêmios que qualquer jogo pode dar.
Pergunte a tantos jogadores profissionais o prazer que é comemorar um título com sua equipe de treino, ou quantas conquistas foram dedicadas àqueles que acompanharam a jornada desse vencedor. Pergunte também se qualquer prêmio superaria as inúmeras experiências que ele adquiriu no processo junto de outras pessoas, as risadas e tristezas compartilhadas, os momentos de tensão e comemoração, cada qual com sua igual importância.
É muito bom jogar, distrai a mente da rotina, impõe um desafio crescente e pode até dar um lucrinho vez ou outra, mas acima de tudo, são as pessoas que também dividem esse hobby contigo que tornam o jogo tão especial, único e empolgante, seja ele qual for.
Pense nisso.