E lá se vão 20 anos e eu me lembro como se fosse ontem, Street Fighter II era o nome e sobrenome mais popular em 1991.
Street Fighter II era assunto nas rodas da Alta Sociedade e no Boteco da Esquina, Ryu ficará mais famoso que Van Damme e Chun Li era a nova heroína da moçada.
Street Fighter II: The World Warrior, foi revolucionário ao introduzir aula de geografia nos jogos de videogame, o jogador viajava pelo mundo disputando lutas de rua em um torneio que definiria quem seria o melhor guerreiro do mundo; isto, nos dias atuais parece uma premissa simples, mas em 1991 era tudo muito inovador.
Na verdade a série Street Fighter teve seu início em 1987; em 1990 com Yoshiki Okamoto, o produtor e game design, o então projetista-chefe da Capcom nipônica, foi convocado para rascunhar os personagens de uma sequência do game. Dos traços no papel surgiu a aparência clássica de Ken e Ryu.
Numa entrevista a revista EGM disse: “Logo nos primeiros traços percebi que Ken e Ryu eram os principais”. Depois, veio Sagat. Então, nasceu a obsessão pelos detalhes. As discussões em torno dos lutadores foram longas. “O conceito por trás do Blanka(o lutador brasileiro) foi o de simular um ‘garoto selvagem’. Mas ele parecia normal. Então, alguém sugeriu: ‘Vamos torná-lo ameaçador!’, e ele acabou verde, risos”.
Durante todo o anos de 1991 todos os olhos e ouvidos eram voltados a Street Fighter, … as mãos também … ou suas mãos estavam num fliperama ou folhando uma revista que falava sobre o jogo (como eu babava nas fotos das revistas).
Todo o poder gráfico e sonoro de Street Fighter II: The World Warrior eram provenientes da placa usada pelo arcade da Capcom, a Capcom Play System (CPS – 1). A curiosidade relativa a CPS-1 é que ela era tão poderosa e simples ao ponto de possibilitar a programação de multi jogos e a disseminação da pirataria, tanto é que em alguns países, provavelmente o Brasil está nesta lista, encontrava-se mais fliperamas piratas, a versão mais conhecida aqui foi a Street Fighter de Rodoviária.
Em Street Fighter II originalmente, 8 personagens são selecionáveis (tente cita-los de cabeça) Ryu, Ken Chun-li, Blanka, E.Honda, Dhalsim, Guile e Zangief (sim , coloquei na ordem de minha preferência) e há 4 chefes, Balrog, Vega, Sagat e M.Bison, que somente o computador pode controlar, ou seja jogávamos com 8 personagens, mas sonhando no dia em que a Capcom lançaria uma versão com os “chefões” jogáveis.
Sobre os chefes há um detalhe bem peculiar, a troca dos nomes, na versão japonesa 3 dos 4 chefes tem seus nomes “realocados”. Para entender os motivos dessas mudanças, encontrei as seguintes explicações:
1. O conceito de “direitos de imagem” é muito diferente entre o Japão e os EUA (especificamente, os EUA são muito mais rigorosos). Portanto, o personagem boxeador de “Mike Bison” iria claramente causar problemas jurídicos para a Capcom nos Estados Unidos devido a clara referência a Mike Tyson. (Só uma letrinha e meia de diferença)
2. Na mesma época, alguns executivos da Capcom EUA expressaram preocupação de que “Vega” seria um nome muito feminino para o público ocidental, e não seria apropriado para o último chefe (o ditador). Eles “sentiram” que o nome “Vega” seria mais apropriado para o personagem andrógino do espanhol com garras. (ou seja, possivelmente o “Espanhol com Garras” é da ala GLS do game)
Por isso, “Mike Bison” (o boxeador) tornou-se “Balrog”, “Balrog” (o lutador com garras) tornou-se “Vega” e “Vega”(o ditador) tornou-se “M. Bison” (que seria abreviação de Master Bison). Outras mudanças de nome inclui: Primeiro o nome em japonês e depois a versão adaptada ao inglês, Nash virou Charlie (amigo morto de Guile) , Julia virou Jane (esposa de Guile) e Kris virou Amy (filha de Guile)
O torneio de Street Fighter – The World Warrior é a continuação de Street Fighter (1) onde Ryu, após ter vencido o campeão anterior Sagat (por isso ele tem aquela “pose” toda!), continua sua jornada por novas lutas, junto com seu amigo e eterno rival, Ken Masters, enfrentando uma série de novos oponentes, dentre eles o terrível comandante da organização criminosa Shadaloo, M. Bison – (isso se vc estiver jogando a versão americana, senão você enfrentará o Terrível Comandante da organização criminosa Shadaloo, Vega – não o afeminado e sim imponente senhor de boina vermelha!)
SF II – - The World Warrior passa pelo Japão, onde aprendemos que luta boa é a noite e sob a luz do luar e que lutador de sumô adora uma sauna com banheira.
Em seguida podemos desembarcar na extinta URSS (atual Rússia), mais precisamente em Moscou num empresa cheia de peões sem o que fazer, que só querem te ver no chão com uma “buzanfa” em cima da tua cara! … ufa … saindo da URSS … a China pode ser nosso próximo destino, um lindo cenário num bairro qualquer de Pequim onde bicicletas passam por ti e galinhas vivas são vendidas durante o “pega”, na verdade as lutas são patrocinadas pelo comercio local no intuito de impulsionar as vendas.
Depois de ser usado como garoto(a) propaganda os Estados Unidos da América é o palco de três lutas – uma na praia com um barco ao fundo e outra em Las Vegas – lembrando, ” o que acontece em Vegas, fica em Vegas” … ou não … se você vencer esta luta pode ir direto pra Espanha ou Tailândia, nada mais me lembro… Ainda nos Estados Unidos somos desafiados por um militar em plena base da força Aérea Americana – acho que isso foi ideia de Bush I.
Entre os destinos exóticos estão Tailândia (quem se importa com a Tailândia?!?!) Índia e Brazil (com Z né… não foi brasileiro quem fez então é com Z mesmo) – e por sinal os dois países que trazem o maior número de ensinamentos ao jogador. Em 1991, Street Fighter II: The World Warrior, nos ensinou que:
1- na Índia os homens tem braços elásticos, flutuam e cuspem fogo.
2- no Brazil as pessoas são verdes e convivem com cobra gigante que adora assistir lutas corporais.
A trilha sonora e efeitos de som/vozes é impecável, permeando todo o clima da competição, sons ambientes são fiéis as ambientações e os efeitos sonoros são precisos e marcantes, sempre bem dosados sem exageros.
Entre as lutas existem estágios de Bônus onde o lutador é desafiado a detonar um carro, destruir barris de madeira e detonar latões pegando fogo e tudo com as próprias mãos ou pés.
Os jogos de luta nunca mais foram os mesmos depois de Street Fighter II: The World Warrior, há 20 anos soltar uma mágia (Hadouken) não era tão simples, não era comum , aquele “poder” correndo a tela era hipnotizante, sem falar da virilidade de socar seu oponente com um suntuoso soco no ar a lá Pelé. Muitas coisas não existiam antes de SF2: The World Warrior e muitas coisas tornaram-se obrigatórias após ele.