Morre aos 71 anos o pioneiro do rock Lou Reed
O lendário líder do Velvet Underground havia passado por um transplante de fígado em maio
Morreu neste domingo, 27, aos 71 anos, o extremamente influente compositor e guitarrista Lou Reed, que ajudou a dar forma a quase 50 anos de rock. A causa da morte ainda não foi revelada, mas ele havia passado por um transplante de fígado em maio.
No fim da década de 60, com o Velvet Underground, Reed fundiu a urgência das ruas com elementos da música avant-garde da Europa, casando beleza e barulho, enquanto dava toda uma nova honestidade, em termos de letras, à poesia do rock. Como artista solo criativo, entre as décadas de 70 e 2010, ele estava sempre surpreendendo e desafiando os fãs com seu estilo camaleônico. Glam, punk e rock alternativo são todas coisas impensáveis sem ele.
Lewis Allan "Lou" Reed nasceu no Brooklyn, em 1942. Fã de doo-wop e dos primórdios do rock (em uma cerimônia tocante, ele ajudou a introduzir Dion ao Hall da Fama do Rock, em 1989), Reed também devia parte de sua formação e inspiração ao período em que estudou na Universidade de Syracuse com o poeta Delmore Schwartz. Depois da faculdade, ele trabalhou como compositor para o selo Pickwick Records (com a qual conseguiu um pequeno hit em 1964 com a paródia dance "The Ostrich"). Em meados da década de 60, ele ficou amigo do músico John Cale, de formação clássica. Reed e Cale formaram uma banda chamada Primitives, depois mudaram o nome para The Warlocks. Depois de conhecer o guitarrista Sterling Morrison e a baterista Maureen Tucker, eles se tornaram o Velvet Underground. A banda chamou atenção de Andy Warhol. "Andy costumava exibir os filmes dele na gente", Reed contou certa vez. "Usávamos preto para que desse para ver o filme. Mas a gente só usava preto, de qualquer forma".
Com "produção" de Warhol, mas sem qualquer repercussão comercial, ao ser lançado no início de de 1967, o disco de estreia do VU, The Velvet Underground & Nico, é hoje um marco na história da música que pode ser comparado a Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, ou Blonde On Blonde, do Bob Dylan. As descrições de Reed a respeito da vida boêmia de Nova York, com alusões a drogas, e sadomasoquismo, eram invejáveis até aos momentos mais sombrios dos Rolling Stones, enquanto as doses generosas de distorção e barulho gratuitos revolucionavam a guitarra no rock. Os três discos seguintes da banda, White Light/White Heat (1968), The Velvet Underground (1969) e Loaded (1970), foram também ignorados. Mas seriam admirados por gerações futuras, fixando o status do Velvet Underground como uma das bandas mais influentes de todos os tempos, nos Estados Unidos.
Depois de se separar dos Velvets em 1970, Reed foi para a Inglaterra e, seguindo sua tradição de ser paradoxal, gravou um disco solo com apoio dos integrantes da banda de rock progressivo Yes. Mas foi o disco seguinte dele, Transformer (1972), produzido pelo discípulo de Reed, David Bowie, que o elevou para além do status de cult, fazendo dele um genuíno astro do rock. Apesar da alusão a sexo oral, “Walk On the Wild Side”, uma evocação carinhosa, embora não fosse sentimental, à cena do estúdio de arte Factory, de Warhol, se tornou um hit nas rádios e “Satellite of Love” ganhou muitas covers, incluindo uma versão do U2. Reed passou a década de 70 desafiando expectativas quase como se isso fosse um esporte. Berlin (1973) era uma literariamente pomposo enquanto Sally Can’t Dance (1974) tinha sopros do soul e guitarras ousadas. Em 1975, ele lançou Metal Machine Music, um experimento barulhento que o selo RCA vendeu como música clássica avant-garde, enquanto em 1978 saiu o ao vivo Take No Prisoners que era quase como um álbum de comédia em que Reed destruía nominalmente críticos de rock (“Lou certamente é um adepto de descobrir novas maneiras de cagar nas pessoas”, disse um desses críticos, Robert Christgau, naquela época). Ao explicar a trajetória inusitada da carreira, Reed disse ao jornalista Lester Bangs: “As minhas merdas valem mais do que os diamantes das outras pessoas .”
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