Nova pesquisa sugere que, para alguns fãs, o heavy metal preenche algumas necessidades psicológicas enraizadas profundamente.
Os fãs de heavy metal tendem a ser estereotipados como raivosos, alienados e rebeldes. O gênero “atrai os desajustados, os proscritos sujos, os loucos”, como um colunista musical do Arizona descreveu ano passado. “A agressão e a precisão falam a eles, e lhes dá um escapismo para sua raiva acumulada, ou seja, lá que coisa difícil de definir viva dentro deles.”
Um estudo recém-publicado tenta elucidar essa coisa difícil de definir. Uma equipe de pesquisadores comandada pelo psicólogo Viren Swami, da Universidade de Westminster, pinta um retrato psicológico dos homens [e eles são homens em sua maioria] que amam metal, afirmando que os fãs “demonstram uma constelação peculiar” de traços de personalidade.
Swami e seus colegas focaram-se no metal contemporâneo [também conhecido como metalcore, extreme metal ou thrash metal], um gênero caracterizado por “riffs pesados de guitarra, bateria com pedal duplo, quebradas [passagens lentas e intensas que conduzem ao mosh], e amplitude de volume no geral”. Essa música, relatam, tende a usar ritmos complexos, batidas extremas e um estilo vocal caracterizado por “gritar, estrilar e grunhir.”
O estudo da equipe analisou 219 mulheres e 195 homens vivendo na Grã-Bretanha. Depois de preencherem uma pesquisa elaborada para revelar uma variedade de traços de personalidade, eles ouviam a 10 faixas de heavy metal contemporâneo e classificavam cada uma em uma escala de um a sete [de “extrema aversão” até “extremo apreço”].
Ao cruzar os cinco grandes traços de personalidade com a preferência musical, Swami não ficou surpreso em achar “abertura a experiências” sendo associada ao deleite com o heavy metal. As pessoas que se abrem ao novo e ao diferente tendem a ser “arrebatadas por formas de música que sejam intensas, comprometidas e desafiadoras”, ele declara, “das quais o heavy metal é um exemplo”.
Aqueles com uma forte preferência por metal “também eram mais propensos a ter autoestima mais baixa”, escrevem os pesquisadores. Eles especulam que esse tipo de música “permite um exorcismo de sentimentos negativos”, produzindo uma catarse que pode “ajudar a desenvolver um senso de valor próprio”.
Gostar de metal também foi associado com uma “necessidade maior que a normal por singularidade, e níveis de religiosidade menores do que os medianos.” É possível que tal associação seja direcionada pelas “posturas subliminares em relação à autoridade, que pode incluir autoridades religiosas”, consta no estudo.
“Por fim, descobrimos que os homens mostraram uma preferência mais forte pelas faixas de heavy metal do que as mulheres”. Isso corrobora com pesquisas anteriores que mostraram que o metal e outros gêneros relacionados muitas vezes enfatizam a masculinidade e a superioridade do homem – uma postura que, por motivos óbvios, tem menos apelo entre as fêmeas.
Como um todo, os resultados sugerem que “os fãs de heavy metal podem ter perfis psicológicos que os distingue dos fãs de outros gêneros musicais”, concluem os pesquisadores.
“Ao invés de estereotipar os fãs como desviados, antissociais ou violentos”, escrevem, “pode ser mais produtivo entender as necessidades psicológicas que o heavy metal contemporâneo supre em alguns indivíduos”.
O estudo completo – em inglês – pode ser lido no link:
http://psycnet.apa.org/psycinfo/2013-35730-001/
http://whiplash.net/materias/news_821/192192.html