Acho que posso dizer com certa segurança que ao lado de títulos como o The Last of Us e Red Dead Redemption, o Heavy Rain foi uma das experiências dramaticamente mais fortes que experimentei em um jogo em toda a minha vida. Desde o início o enredo da Quantic Dream mostrou-se extremamente denso e obviamente o principal motivo para isso é o desaparecimento de um dos personagens da trama.
A cena em que isso acontece já é digna de causar pesadelos em qualquer pessoa que tenha saído na rua com uma criança, mas de acordo com David Cage, criador do game e fundador do estúdio francês, foi justamente isso que fez com que a Microsoft não tivesse interesse em apostar no projeto.
“Tivemos uma longa conversa, eles adoraram o Fahrenheit e realmente queriam fazer algo com a gente. Porém, eles ficaram apavorados com o fato do Heavy Rain se tratar de crianças sendo sequestradas e disseram, ‘Isso é um problema, queremos mudar isso.’ Bem, podíamos sequestrar gatos, seria uma experiência diferente!
Para mim aquele foi um sinal bastante interessante. Foi como se, sabe, eu percebesse que não poderíamos trabalhar juntos porque vocês entendem o que eu queria atingir ali. Eles ficaram amedrontados com o escândalo e ficaram assustados com o que as pessoas poderiam escrever ou pensar sobre.”
Diante desta revelação eu só consigo pensar no quão estúpidos foram os executivos que se posicionaram contra o jogo, entregando nas mãos da Sony uma dos melhores títulos do PlayStation 3 e principalmente, perdendo a oportunidade de ter em seu console algo que de certa forma fez com que muitas pessoas olhassem para os games de uma maneira diferente.
Tendo rendido mais de €100 milhões à Sony, tenho a impressão de que hoje algumas pessoas na Microsoft se arrependem enormemente por terem tratado os games como uma mídia onde não cabe este tipo de assunto e quem também deveria lamentar essa decisão são os jogadores de PC, pois se o Heavy Rain tivesse saído para o Xbox 360, provavelmente já teria aparecido nos computadores.
Fonte: Polygon.