Após os dados positivos da Nintendo em Dezembro nos EUA, a empresa publicou revisões em suas previsões de vendas para esse ano fiscal, que termina em Março. E a situação é bem grave.
Antes a expectativa era obter lucro líquido de US$527 milhões com vendas líquidas de US$8,8 bilhões. O novo número agora prevê prejuízo de US$239 milhões e vendas de US$5,6 bilhões. Isso tudo é reflexo do fraco desempenho do Wii U no mundo e um pouco também do 3DS, apesar de que no portátil o caso é mais suave.
A Nintendo esperava vender nesse ano fiscal (Abril/13 a Março/14) 9 milhões de consoles. Agora a previsão caiu para míseros 2,8 milhões (em comparação, o PS4 vendeu 3,2 milhões em Novembro e Dezembro). Jogos de Wii U também caíram para 19 milhões frente aos 38 milhões antes previstos.
Já para o 3DS a Nintendo esperava vender 18 milhõs no ano fiscal, mas reduziu essa previsão para 13,5 milhões. A expectativa de jogos para o portátil também foi reduzida de 80 milhões para 66 milhões.
O maior problema nessa história toda – e que envolve a longa explicação dada por Iwata e que não vou traduzir pois é ‘vazia’ de conteúdo – é a própria Nintendo ter cavado o buraco em que se encontra agora. Digo buraco em termos emocionais, de expectativas do mercado, pois a empresa claramente ainda tem muito dinheiro.
Porém essas revisões drásticas tiveram que ser feitas agora porque foi a própria Nintendo que estabeleceu previsões e expectativas muito elevadas, especialmente para o Wii U.
O discurso que Iwata publicou – clique aqui se quiser ler em inglês – diz apenas que mesmo com redução de preço e novos bundles, o Wii U não conseguiu chegar aos números que a empresa havia previsto. Simples assim. Dizer o óbvio não demonstra realmente o que a empresa pretender fazer efetivamente para remediar a situação.
Quanto ao 3DS, a Nintendo também exagerou em suas previsões mas o caso não é tão grave. O desafio do portátil é ter o DS como base de comparação e seu início ruim de vendas.
A Big N mostrou-se efetiva no processo de recuperação do 3DS e os números provam isso – o aparelho foi o líder de vendas nos EUA e no Reino Unido, sem contar que domina o ranking japonês toda semana. Entretanto a Nintendo pretendia que ele fosse ainda melhor, especialmente nos EUA e em regiões da Europa.
Existem ainda fatores como a taxa de câmbio entre iene e dólar, investimentos em marketing, novos prédios e estruturas de pesquisa e desenvolvimento que afetaram a revisão financeira da empresa. Porém é óbvio que o maior vilão nessa história toda é o Wii U.
Iwata inclusive já garantiu a publicações japonesas que não irá pedir demissão e que tem como compromisso retornar a empresa à lucratividade – algo impossível de ocorrer nesse ano fiscal. Isso dá a entender que ele pretende continuar ao menos até Março de 2015, só que é impossível prever como os acionistas irão reagir quando o resultado do ano for oficialmente divulgado.
Acho que o mais importante tanto para acalmar acionistas e, principalmente, os fãs que hoje olham em dúvida para seu Wii U é Iwata apresentar de forma clara e detalhada os planos da empresa para seu console de mesa. Quais jogos estão sendo produzidos, que tipo de parcerias estão sendo buscadas, o que pode ser melhorado, que novas iniciativas podem dar gás novo, etc, etc.
Me parece evidente que o Wii U não irá longe, mas a Big N não pode simplesmente puxar o fio da tomada e abandoná-lo. Acredito que ao longo desse ano veremos os principais títulos para o console sendo usados com toda a força, mas nos bastidores a Nintendo já está pensando muito mais em seu próximo aparelho do que em como recuperar o Wii U.
Dia 30 de Janeiro haverá apresentação de Iwata a acionistas. Veremos o que vem por aí.
Fonte: http://wiiclube.uol.com.br/blog/2014/01/17/nintendo-desaba-previsoes-de-vendas-iwata-da-explicacoes-e-diz-que-nao-sai-da-empresa/93798