Semana passada, a Microsoft confirmou que havia enviado até março (
final do terceiro trimestre do ano fiscal) cinco milhões de consoles Xbox One às lojas dos 13 países onde o aparelho de oitava geração fôra lançado.
Muita gente, inclusive o tio Laguna, achava que a diferença entre o número de consoles enviados às lojas e os efetivamente vendidos aos consumidores era mínima, até porque o XBO conta com vários jogos exclusivos bem interessantes. Como a Sony divulgou o belo número de consoles PS4 vendidos no mundo logo antes de tal anúncio da Microsoft, a japonesa aparentou por algumas horas certo desespero.
Só que agora posso ver que o sentimento da Sony ao divulgar tão logo os sete milhões de sistemas PlayStation 4 vendidos era de autoconfiança: a Microsoft acaba de revelar oficialmente os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2014 (
ou penúltimo trimestre do ano fiscal, como queiram). A BigM de Redmond como empresa vai muito bem, obrigado, mas o seu console de oitava geração, nem tanto.
“[De janeiro a março de 2014, a] Microsoft vendeu 2,0 milhões de consoles Xbox, incluindo 1,2 milhão de consoles Xbox One.”
Desde o lançamento em novembro até março, o Xbox One vendeu
de facto 4,2 milhões de consoles. Fazendo as contas, temos 800 mil consoles que foram enviados às lojas em tal período e não foram vendidos. Encalhados nas lojas.
Um leitor alemão do NeoGAF tirou a foto abaixo e apontou o que ele acha que está errado com a venda do console nas grandes lojas de lá.
Encalhe de Xbox One em loja alemã (Crédito: NeoGAF)
“A loja vende o pacote com Titanfall que acompanha um segundo controle por € 499. Logo ao lado, temos a edição padrão pelos mesmos 499 euros. Que tipo de publicidade é essa?
♮
A Microsoft deveria ajudar os varejistas permitindo que eles criem “pacotes Xbox One não-oficiais” com uma cópia física de um jogo pelo mesmo preço [do pacote oficial] ou então as caixas verdes juntarão poeira.”
Concordo.
Por mais que a Microsoft justifique que esse suposto encalhe de 800 mil consoles sejam algum tipo de estratégia de vendas, esse enorme número de unidades que não foram vendidas apenas mostra que o Xbox One vai precisar urgente de um desconto nos moldes do que a Nintendo fez com o 3DS, basicamente um terço do preço
(imagine um desconto de US$ 166 no XBO). Isso considerando que a empresa queira realmente com o XBO ultrapassar o PlayStation 4 algum dia: ao terminar março, tivemos portanto uma vantagem de 2,8 milhões de consoles Sony.
Preço, marketing e bons jogos exclusivos vendem consoles e, na minha opinião, o PS4 até o momento não possui algum jogo exclusivo que me interesse a ponto de gastar US$ 399 (
ou R$ 3.999). Se o tio Laguna puder especular sobre o que tornou o PlayStation 4 esse sucesso tremendo foi o preço mais baixo aliado a um hardware melhor que o do XBO, fora a PS Plus.
Os desenvolvedores de jogos multiplataforma conseguem no PS4 rodar um jogo em Full HD, mesmo jogo esse que no XBO não o seria. O consumidor está cada vez mais exigente e pesquisa tais detalhes técnicos mesmo que eles não influenciem tanto assim na experiência do jogo em si: talvez o DirectX 12 traga melhorias gráficas ao Xbox One que permitam um marketing melhor, mas não alimento muitas esperanças se o preço continuar nos 500 dólares.
A E3 2014 acontece em junho e pergunto: o Xbox One impedirá que o PS4 atinja a marca de 10 milhões de consoles vendidos no mundo até lá? E se o PS4 atingir tal patamar de vendas, a diferença entre ele e o XBO seria menor que as atuais 2,8 milhões de unidades vendidas?