Após o conturbado processo de licenciamento de Dungeons & Dragons no Brasil e o posicionamento da Gale Force Nine, o cenário de RPG e board games do país pode sofrer algumas consequências ao criar insegurança em parte das empresas que produzem os jogos no exterior. O problema envolvendo a Redbox, Fire on Board e a Meeple BR e, principalmente, a maneira como foi tratado — de forma pública nas redes sociais — também acaba aumentando a desconfiança do consumidor, que já conviveu com outros tipos de questões com seus títulos preferidos ao longo dos anos (e por isso é exigente): o que pode afetar as empresas que tentam trabalhar com seriedade no mercado.
É o famoso jeitinho brasileiro: desculpa para agir de forma irresponsável, “malandra” e que dispensa formalidades que até podem ser burocráticas e lentas, mas, às vezes, necessárias — justamente para evitar situações ruins.
Dá-se um jeito
David Preti, da Cool Mini or Not, explicou que as polêmicas reforçam estereótipos que os outros países possuem do Brasil — embora essa visão não corresponda à realidade daqui. Segundo ele, a comunidade que trabalha com esse tipo de material é muito pequena e todos acabam se conhecendo e se comunicando, uma situação como o licenciamento de D&D passa a ideia de que não vale a pena investir em trazer produtos e marcas para cá.
Para exemplificar a forma que algumas pessoas já enxergam o mercado, ele contou que a Cool Mini or Not recebe semanalmente jogadores alegando que o Zombicide lançado no Brasil é inferior ao publicado nos EUA, mesmo que isso não seja verdade, já que as duas edições são produzidas na mesma fábrica e com os mesmos materiais.
“O processo de licenciamento de um produto acabou se tornando algo fora de proporções com ares de dramaticidade mexicana”, disse o CEO da Galápagos Jogos, Yuri Fang, que demonstrou preocupação com a possível transmissão de uma imagem de amadorismo às empresas do exterior: “É triste ver um produto como D&D envolvido [em algo dessa natureza]”, completa. Como toda a situação acabou repercutindo em portais estrangeiros, fica a ideia de que vivemos em desorganização e prejudica o trabalho de empresas que estão fazendo um trabalho sério e profissional.
A legitimação da Pirataria
Outro grande problema que pode surgir de todo esse vai-e-vem no licenciamento é a legitimação da pirataria. Scans dos livros traduzidos em português circulam na internet desde o lançamento da quinta edição de D&D. Se o público não pode confiar em um trabalho sério e profissional feito legalmente, por que esperar para uma versão oficial?
Segundo Preti, o Brasil tem potencial — e as empresas estrangeiras sabem disso — para se tornar o quarto maior mercado do mundo. Mas que profissionalismo e seriedade são fundamentais para alcançar a marca: “Se faltar confiança, acabamos nos tornando amadores de Facebook”, diz.
Mesmo que as coisas sejam efêmeras na internet e que cada dia tenha a própria “polêmica”, tudo isso vai marcar profundamente a indústria dos jogos brasileiros: uma mancha na história do RPG no país, não só para os fãs que aguardavam uma versão oficial do D&D — e, sem dúvida, os maiores prejudicados. Também é uma rasteira no mercado nacional que terá que provar o próprio valor… Mais uma vez.
https://jovemnerd.com.br/nerdnews/dungeons-dragons-e-o-jeitinho-brasileiro/
RESUMO:
A quinta edição,lançada em 2014, foi licenciada para diversas partes do planeta agora em 2017 pela Wizard (detentora da marca D&D)
No Brasil, sendo um projeto que envolvia tradução, divulgação, lançamento, distribuição, criou-se um grupo de três empresas para suportar o projeto.
Quando já estava rolando a tradução, planejamento, e o trabalho em conjunto das três empresas, uma dessas assinou sozinha o Contrato com a Wizard e dispensou as outras duas.
Essas empresas prejudicadas divulgaram a treta na internet, a Wizard ficou sabendo, e suspendeu todo o projeto no Brasil.
Última edição por Leinad em Seg 16 Out 2017, 09:51, editado 2 vez(es)