O primeiro “Streets of Rage” foi lançado em 2 de agosto de 1991 no Japão sob o nome “Bare Knuckle: Furious Iron Fist” para Mega Drive.
Desenvolvido pela SEGA, o game utiliza a fórmula beat´em up que estava “em alta” no fim dos anos oitenta, sendo a resposta da empresa para o lançamento de “Final Fight” no Super Nintendo. Não deixe de conferir a nossa análise do game.
Na época, o console já tinha games do gênero produzidos por ela como “Golden Axe” e “Alien Storm“, mas estes eram conversões de Arcade e a SEGA sentia a necessidade de ter um jogo do gênero exclusivo para o videogame.
Então, os superiores deram aos membros da equipe CS2 a missão de desenvolverem um game semelhante ao “Final Fight”, mas tendo elementos que seu rival não tivesse para ser comercialmente competitivo. Se o “Final Fight” para Super Nintendo tinha dois personagens, “Streets of Rage” teria três, e também dava a possibilidade de jogar em modo cooperativo, ausente no jogo rival.
A trilha sonora ficou a cargo do Yuzo Koshiro, que anteriormente havia se destacado pelas músicas de “The Revenge of Shinobi“, pioneiro no estilo Techno e House nos videogames. Para isso, ele compôs usando um computador PC-8801 junto com um sistema de programação original chamado “Music Macro Language“.
O sucesso do título levou a duas sequências e uma série de conversões, incluindo para o SEGA CD dentro da coletânea “Sega Classics Arcade Collection”, que contava com a mesma trilha sonora, porém com áudio mais cristalino e as vozes deixaram de ser “roucas” (cá entre nós, um charme do Mega Drive, não?).
Também há uma versão para o Master System e outra para o Game Gear, que curiosamente, não são iguais, pois no portátil as fases 2,3 e 7 estão ausentes e não é possível jogar com o Adam. Os gráficos também são um pouco mais simples quando comparados ao do Master.
A cidade já foi um lugar feliz e tranquilo… até que um dia, uma poderosa organização criminosa tomou conta dela. Um sindicato cruel logo teve o controle do governo e até da polícia, tornando a cidade um centro de violência e criminalidade onde ninguém está seguro.
Em meio a essa turbulência, um grupo de jovens determinados jurou limpar a cidade. Entre eles estão Adam Hunter, Axel Stone e Blaze Fielding. Eles estão dispostos a arriscar tudo…até suas vidas…nas Ruas da Fúria (Streets of Rage)”
Adam Hunter: Boxeador e ex-policial de 23 anos, ele largou esta última quando foi corrompida pelo sindicato. Fez sua única aparição jogável no primeiro Streets of Rage, já que nos dois seguintes controlávamos o seu irmão mais novo, o Sammy “Skate” Hunter. É o personagem mais lento, porém o mais forte.
Axel Stone: O mais balanceado dos personagens, o Axel é o líder do grupo e também saiu da polícia. Com 23 anos, ele possui habilidades nas artes marciais e seu hobby é jogar videogames. Apareceu em todos os jogos da série como jogável.
Blaze Fielding: Mestre do judô e da ginástica, a Blaze é a personagem mais eficiente para atacar a distância, principalmente quando está pulando. Ex-policial, ela tem 21 anos.
em dúvidas, “Streets of Rage” é o típico game que nasceu clássico. Considerando que ele veio no início da carreira do Mega, o título é bom em todos os pontos: gráficos, música e jogabilidade. Quanto a esta última, os comandos são rápidos e precisos, além do nível de dificuldade ser balanceado em qualquer modo: “Fácil”, “Normal” ou “Difícil”.
Destaque também para os cenários noturnos e urbanos, todos memoráveis e a já citada trilha sonora que consegue extrair com inteligência o hardware do Mega Drive. Este é um ponto que atinge a nota “10” em qualquer publicação.
Os detalhes também chamam a atenção, seja em um letreiro luminoso ao fundo bem “anos 80”, efeitos de chuva na “fase da praia”, esteiras rolantes etc. Os personagens também possuem muitos quadros de animação, seja os heróis ou os inimigos. Destaque também para os chefes, muito criativos.
Talvez o maior defeito do game seja a pouca variedade de inimigos, muitas vezes aproveitando o mesmo “sprite” recolorido para indicar que aquele é uma versão mais difícil de um adversário encontrado anteriormente. Mas quer saber de uma coisa? Isso nem chega a ofuscar as virtudes do título!
“Streets of Rage” é um game old-school que diverte em qualquer época. A indústria de videogames mudou muito nestes últimos 27 anos, mas ligar o Mega Drive, ouvir a clássica musiquinha de abertura e se aventurar pelas ruas da cidade é algo que será, para sempre, divertido. Clássico inesquecível!
No livro “Sega Mega Drive/Genesis: Collected Works” , novas histórias sobre o desenvolvimento e criação do primeiro jogo apareceram na internet, depois de mais de 20 anos do seu surgimento.
Tudo começou no início dos anos 90 com a contratação do diretor do game, Noriyoshi Ohba, que tinha em seu currículo apenas dois games: “Wonder Boy in Monster Land” (Master System) como produtor e “The Revenge of Shinobi”, como diretor. Junto com ele foi também contratado Hiroaki Chino, e a tarefa dos dois era criar um game de pancadaria que rivalizasse com “Final Fight” da Capcom.
Ohba, que já havia trabalhado com Yuzo Koshiro em “The Revenge of Shinobi” no ano anterior, o convocou para ajudar no novo projeto, que até então tinha um título provisório de “Street Karate“. O time estudou minuciosamente jogos do gênero da época, como “Double Dragon” e claro, o próprio “Final Fight”. Inclusive, de acordo com o artista Atsushi Seimiya, o grupo adquiriu um Super Nintendo para que pudessem estudar “Final Fight” detalhadamente.
Outras fontes de inspiração, além dos games, eram os programas de ação e detetives norte-americanos da TV, como “O Esquadrão Classe A” e “Starsky e Hutch”. Algo que o time sabia desde o início é que eles queriam que o jogo tivesse uma história com detetives/policiais. E assim o conceito foi criado, com o título de “D-SWAT” (imagem acima), em uma referência ao game de arcade/Mega Drive da Sega, “Cyber Police ESWAT”, de 1989 (e um jogo muito legal, por sinal).
ombinando essas ideias e o desejo de incorporar mais elementos cooperativos, restava agora iniciar o planejamento da estrutura e mecânicas do game. Assim, em 16 de julho de 1990, iniciava o design de “D-SWAT”, que terminou em 31 de dezembro, com uma equipe com apenas 8 ou 9 pessoas envolvidas.
Para o diretor Noriyoshi Ohba, a parte mais importante eram os “elementos estratégicos e como se sentir ao jogar“. Seria dada uma ênfase nos saltos segurando outros personagens, no agarrar e jogar inimigos e o atacar pela parte de trás, permitindo assim um sistema de combate variado, que daria aos jogadores, especialmente no modo cooperativo, uma sensação de conquista, que outros jogos do gênero na época não possuíam.
Vários documentos do desenvolvimento do jogo foram publicados no livro “Sega Mega Drive/Genesis: Collected Works“, lançado recentemente e que promete ser o guia definitivo do 16 Bits da Sega. Algumas dessas páginas você pode ver abaixo (clique nas imagens para aumentá-las), especificando os elementos principais e controles do jogo.
Curiosamente, alguns inimigos planejados no projeto não chegaram a aparecer na versão final do jogo, como um jogador de futebol americano e um jogador de hóquei – esse último ainda chegou a dar as caras em uma versão lendária beta do game.
Uma história para o game foi criada, um pouco diferente daquela da versão final, abordando como as principais cidades do mundo foram tomadas por uma violenta onda de crimes. Uma organização montou uma força tarefa especial para combater o crime organizado, sendo que eles tinham que operar em segredo e sem usar armas de fogo, apenas os punhos. Eles eram conhecido como o esquadrão Dragon-Swat, ou simplesmente “D-Swat”.
A proposta inicial era oferecer três personagens bem diferentes daqueles que conhecemos quando o jogo foi lançado. Confira abaixo a arte conceitual para os três membros da “D-Swat”:
God Hand – certamente o personagem que mais chama a atenção, já que o seu visual foi claramente inspirado na lenda viva de Chuck Norris. Depois teve sua aparência modificada, assim como o seu nome, que passou a ser Hawk, na versão beta, para depois finalmente se tornar Axel Stone. Uma pena que o modificaram, já que um herói chamado “God Hand” (Mão de Deus, em tradução livre), com a cara de Chuck Norris seria o personagem mais overpower da história do universo!
Black Bird – no projeto inicial já havia o conceito para um personagem negro no grupo, batizado de Black Bird e depois modificado para Wolf, na versão beta, para finalmente se tornar Adam Hunter na versão final. Sua descrição diz ser de Londres e perito em artes marciais, mas na figura está usando luvas de boxe.
Pink Typhoon – e finalmente a integrante feminina, uma chinesa especialista em Kung-Fu, com um visual conceitual que lembra bastante a Chun-Li, de “Street Fighter II”. Ela depois seria rebatizada para Blaze Fielding. Curioso notar que os nomes Typhoon e Blaze são referências para os elementos água e fogo, respectivamente.
Enquanto o projeto progredia, o então jovem compositor Yuzo Koshiro trabalhava na trilha sonora de “D-Swat”, e mal sabia ele que o seu trabalho entraria para a história como uma das “trilhas sonoras de games mais geniais da história”. Koshiro escolheu usar música eletrônica para embalar a pancadaria do jogo.
“A música eletrônica crescia em popularidade no exterior naquela época, mas não era realmente muito conhecida no Japão. Mas era [conhecida] especialmente na América do Norte, onde o Mega Drive [Genesis] estava vendendo fortemente, as músicas eletrônicas estavam tocando constantemente na MTV e tal. Então eu sabia que eles amavam esse tipo de música, e eu pensei que se pudesse colocar essa música dentro do jogo, eles ficariam muito felizes. Acho que foi a primeira vez que compus música pensando no mercado exterior ao invés do mercado japonês.
A Sega não me disse que tipo de música eles queriam ou qualquer tipo de direção. Eu somente fazia coisas de que eu mesmo gostava. Eu disse a eles [Sega] que a música eletrônica com certeza daria certo [para o game], e eu queria que fosse assim, e então eu dei a eles uma fita demo [das músicas]. O gerente do departamento de consumidor da Sega realmente gostou muito. Foi uma sorte, pois eu acho que havia pessoas lá que teriam recusado a música que não era popular no Japão”.
Yuzo Koshiro também foi responsável pelos efeitos sonoros no jogo, alguns inclusive reutilizados do seu trabalho anterior, “The Revenge of SHinobi”, os quais ele se refere como uma medida de “corte de custos”. Koshiro também afirmou que foi também uma tentativa para impressionar a Sega ao tentar criar uma vaga relação entre os dois jogos, como se passassem no mesmo universo. Ele também gravou as vozes de todos os personagens – para a voz da Blaze ele gritou em um tom bem alto então modificou o som.
m dezembro de 1990 o jogo foi rebatizado para “Bare Knuckle” no Japão e teve uma versão beta lançada (cuja ROM nunca apareceu, mas há inúmeras fotos de revistas da época). Ele foi lançado no Japão apenas em agosto de 1991, após várias reformulações na versão beta.
O diretor de marketing da Sega of America da época, Al Nilsen, então rebatizou o jogo com o nome de “Streets of Rage” para o mercado ocidental e em setembro de 1991 ele chegava nos EUA, e o resto, como dizem, é história.
Fonte: Blog Tectoy