Nos anos 90, dois fenômenos de luta faziam parte do imaginário das crianças. Street Fighter 2, com seus personagens carismáticos, trilha sonora antológica, e gameplay excelente. E as famosas lutas de wrestling, ou, para nós, luta livre. Ambos contavam com altos números de audiência e, eram sucesso nos videogames.
Falar do sucesso de Street Fighter é óbvio, mas o wrestling também contava com games bem populares na época. WWF Super WrestleMania era um destes games, que, com versões para Mega Drive e Super Nintendo, levavam os golpes fanfarrônicos aos games.
A Capcom, uma das referências da época, viu oportunidades em meio a tudo isso. E assim, lançou, em 1993, Saturday Night Slam Masters, a sua versão de um jogo de luta livre. Se inspirando em elementos próprios que deram muito certo, e somando a eles a roubusta CPS-2, trouxeram uma combinação que, embora não seja unânime, é bem interessante.
A Capcom, em sua época de criatividade mais fértil, investiu pesado em brigas de rua, como o primeiro Street Fighter, e Final Fight. Todos sabemos que este game seria o “Street Fighter 2“, mas acabou se tornando uma aventura independente, mas no mesmo universo dos World Warriors.
Nesta época, alguns elementos foram fundamentais, para determinar padrões que a Capcom usaria em diversos jogos nos anos seguintes. E alguns deles se mostraram úteis para um jogo de luta livre. O formato de cenários no qual o personagem poderia se deslocar pra cima e pra baixo já era utilizado em games de boxe, para se mover em um ringue.
E seu beat’em up também permitia ao personagem agarrar o adversário, além de contar com gameplay simplificado. Um botão para bater, outro para pular e uma boa observação de cenário, para saber os melhores lugares pra se posicionar.
E tais elementos são bem utilizados em um ringue, ainda em Final Fight. O game de 1989 oferecia como um dos chefes, Sodom. Um dos líderes do submundo, ele comanda um torneio ilegal de lutas no obscuro do metrô, e é desafiado pelos protagonistas. A luta acontece de maneira semelhante ao Saturday Night Slam Masters, embora com a aura de briga ilegal de rua.
Mas já seria uma boa ideia do que chegaria, anos mais tarde.
Saturday Night Slam Masters oferece um gameplay bem parecido com o de Final Fight, mas com os elementos típicos do wrestling. Lançado em 1993 para arcades, contando depois com versões para Mega Drive e Super Nintendo, o jogo oferecia um gameplay arcade, muito simples. Um botão para bater, outro para pular, e o terceiro pra agarrar.
O nocaute aqui é diferente dos jogos de luta convencionais. Seguindo o formato de wrestling, você precisa tirar energia de seu oponente, mas além disso, tem de imobilizar e aguardar os três segundos. Quanto menos energia, mais difícil fugir desta condição. E um cronômetro vai contando o tempo do round. Enfim, é o mesmo formato de qualquer wrestling que você conheça.
Apesar do gameplay simples, dá pra fazer todos os golpes acrobáticos, como os saltos, os agarrões e as corridas que usam as cordas de impulso. Cada lutador tem um especial non-grappling, e um pra finalizar. As lutas acontecem de maneira bem próxima com as de Final Fight, incluindo a possibilidade de pegar objetos para atingir os adversários.
É claro que estamos falando das famosas trapaças. Sair do ringue é ilegal e você precisa voltar pra ele após um tempo, ou é automaticamente desclassificado. Mas é tempo suficiente para ir buscar uma cadeira, por exemplo. Ou para respirar um pouco após apanhar bastante. Tudo isso faz com que o gameplay seja bem interessante, nesta mistura entre wrestling e os jogos de luta que eram sucesso na época.
Mas, a verdadeira festa do jogo, é o modo Battle Royale. Antes mesmo deste modo ser um dos gêneros mais rentáveis nos videogames, aqui já era possível colocar quatro lutadores no ringue, e na base do 2×2, lutar com a máquina, ou mesmo com quatro amigos. Incluindo os consoles, que eram compatíveis com os acessórios que permitiam quatro controles.
Como forma de aproximar mais seu público, e também para aproveitar seus sucessos para promover outros games, a Capcom usou sabiamente seus elementos famosos em Saturday Night Slam Masters. Haggar, aqui, ex-prefeito de Metro City, é um dos lutadores. Até Jessica, sua filha, aparece para comemorar suas vitórias. E, como era de se esperar, os golpes são os mesmos que ele espancava os caras da Mad Gear.
Há também, de acordo com a versão do game nos EUA, um “parente de um World Warrior“. Trata-se de Gunloc. No Japão, ele é apenas um aprendiz da Haggar, e que nutre rivalidade “guerra fria” com Biff Slamkovich. Mas na versão dos EUA, o jogo deixa implícito que ele tem parentesco com Guile.
Inclusive, em Street Fighter: The Game, no final de Blade, um dos ciborgues da Shadaloo, o personagem se revela como o irmão do tenente topetudo de Street Fighter 2, e que estava na base como agente secreto, a fim de acabar com os planos de Bison. Até há uma artwork oficial do personagem em Street Fighter V, mas como tudo nesta série, é mais uma informação obscura, e digna de teorias.
Biff Slamkovich, lutador russo, faz referência a seu compatriota, Zangief. Ou melhor, camarada. Quando ele perde, na versão dos EUA, sua frase de derrota diz que “bem que meu camarada Zangief disse que sou um lutador barato”. Além do mais, Biff tem traços muito semelhantes aos de Alex, que seria protagonista de Street Fighter III. E o lutador russo ainda apareceria no cenário de Ken, em Street Fighter Alpha 2. E no final de Hugo, em Street Fighter III: 2nd Impact.
E Titanic Tim, por sua vez, é um brutamontes inglês que é grande amigo de Birdie. Enfim, já deu pra perceber que o game tem seu espaço no universo Street Fighter. Mesmo não sendo um game tão famoso quanto seus “irmãos”. Mesmo assim, estas ligações se mostraram importantes para manter o game “conectado” com jogos famosos da empresa. Ajudando a chamar atenção dos gamers, e com isso, a dar um impulso extra para as vendas.
Em tempos de jogatina multiplayer no mesmo ambiente, Saturday Night Slam Masters era promessa de festa entre amigos. Proprietários de multitaps conseguiam ainda mais diversão com os quatro jogadores disponíveis. Assim, as famosas reuniões regadas a salgados e bebidas ficavam ainda mais interessantes.
O jogo, apesar de simples, divertia muito. Era acessível para quem jogava casualmente, e oferecia certo desafio, para os mais dedicados. Não é a mesma coisa que jogar um Street Fighter. Mas, o clima de show das lutas livres, a “aura” do famoso jogo da Capcom presente, e as várias referências, fazem dele uma opção importante para quem gosta de jogos de luta. E, principalmente, de jogos de luta da Capcom.
Houve uma sequência, lançado na mesma época, mas tá aí um game que merecia uma nova versão. Seja um HD Remix presente em alguma coletânea, ou mesmo o jogo “cru”. Ainda seria interessante ver como a Capcom poderia encaixar este jogo, modernizado, nos consoles atuais. Mas se nem séries mais famosas como Darkstalkers ganham atenção da empresa, imagine um jogo mais obscuro como esse.
Fonte: Arkade
Última edição por Sonymaster em Dom 25 Nov 2018, 20:17, editado 1 vez(es)
Falar do sucesso de Street Fighter é óbvio, mas o wrestling também contava com games bem populares na época. WWF Super WrestleMania era um destes games, que, com versões para Mega Drive e Super Nintendo, levavam os golpes fanfarrônicos aos games.
A Capcom, uma das referências da época, viu oportunidades em meio a tudo isso. E assim, lançou, em 1993, Saturday Night Slam Masters, a sua versão de um jogo de luta livre. Se inspirando em elementos próprios que deram muito certo, e somando a eles a roubusta CPS-2, trouxeram uma combinação que, embora não seja unânime, é bem interessante.
A Capcom, em sua época de criatividade mais fértil, investiu pesado em brigas de rua, como o primeiro Street Fighter, e Final Fight. Todos sabemos que este game seria o “Street Fighter 2“, mas acabou se tornando uma aventura independente, mas no mesmo universo dos World Warriors.
Nesta época, alguns elementos foram fundamentais, para determinar padrões que a Capcom usaria em diversos jogos nos anos seguintes. E alguns deles se mostraram úteis para um jogo de luta livre. O formato de cenários no qual o personagem poderia se deslocar pra cima e pra baixo já era utilizado em games de boxe, para se mover em um ringue.
E seu beat’em up também permitia ao personagem agarrar o adversário, além de contar com gameplay simplificado. Um botão para bater, outro para pular e uma boa observação de cenário, para saber os melhores lugares pra se posicionar.
E tais elementos são bem utilizados em um ringue, ainda em Final Fight. O game de 1989 oferecia como um dos chefes, Sodom. Um dos líderes do submundo, ele comanda um torneio ilegal de lutas no obscuro do metrô, e é desafiado pelos protagonistas. A luta acontece de maneira semelhante ao Saturday Night Slam Masters, embora com a aura de briga ilegal de rua.
Mas já seria uma boa ideia do que chegaria, anos mais tarde.
Saturday Night Slam Masters oferece um gameplay bem parecido com o de Final Fight, mas com os elementos típicos do wrestling. Lançado em 1993 para arcades, contando depois com versões para Mega Drive e Super Nintendo, o jogo oferecia um gameplay arcade, muito simples. Um botão para bater, outro para pular, e o terceiro pra agarrar.
O nocaute aqui é diferente dos jogos de luta convencionais. Seguindo o formato de wrestling, você precisa tirar energia de seu oponente, mas além disso, tem de imobilizar e aguardar os três segundos. Quanto menos energia, mais difícil fugir desta condição. E um cronômetro vai contando o tempo do round. Enfim, é o mesmo formato de qualquer wrestling que você conheça.
Apesar do gameplay simples, dá pra fazer todos os golpes acrobáticos, como os saltos, os agarrões e as corridas que usam as cordas de impulso. Cada lutador tem um especial non-grappling, e um pra finalizar. As lutas acontecem de maneira bem próxima com as de Final Fight, incluindo a possibilidade de pegar objetos para atingir os adversários.
É claro que estamos falando das famosas trapaças. Sair do ringue é ilegal e você precisa voltar pra ele após um tempo, ou é automaticamente desclassificado. Mas é tempo suficiente para ir buscar uma cadeira, por exemplo. Ou para respirar um pouco após apanhar bastante. Tudo isso faz com que o gameplay seja bem interessante, nesta mistura entre wrestling e os jogos de luta que eram sucesso na época.
Mas, a verdadeira festa do jogo, é o modo Battle Royale. Antes mesmo deste modo ser um dos gêneros mais rentáveis nos videogames, aqui já era possível colocar quatro lutadores no ringue, e na base do 2×2, lutar com a máquina, ou mesmo com quatro amigos. Incluindo os consoles, que eram compatíveis com os acessórios que permitiam quatro controles.
Como forma de aproximar mais seu público, e também para aproveitar seus sucessos para promover outros games, a Capcom usou sabiamente seus elementos famosos em Saturday Night Slam Masters. Haggar, aqui, ex-prefeito de Metro City, é um dos lutadores. Até Jessica, sua filha, aparece para comemorar suas vitórias. E, como era de se esperar, os golpes são os mesmos que ele espancava os caras da Mad Gear.
Há também, de acordo com a versão do game nos EUA, um “parente de um World Warrior“. Trata-se de Gunloc. No Japão, ele é apenas um aprendiz da Haggar, e que nutre rivalidade “guerra fria” com Biff Slamkovich. Mas na versão dos EUA, o jogo deixa implícito que ele tem parentesco com Guile.
Inclusive, em Street Fighter: The Game, no final de Blade, um dos ciborgues da Shadaloo, o personagem se revela como o irmão do tenente topetudo de Street Fighter 2, e que estava na base como agente secreto, a fim de acabar com os planos de Bison. Até há uma artwork oficial do personagem em Street Fighter V, mas como tudo nesta série, é mais uma informação obscura, e digna de teorias.
Biff Slamkovich, lutador russo, faz referência a seu compatriota, Zangief. Ou melhor, camarada. Quando ele perde, na versão dos EUA, sua frase de derrota diz que “bem que meu camarada Zangief disse que sou um lutador barato”. Além do mais, Biff tem traços muito semelhantes aos de Alex, que seria protagonista de Street Fighter III. E o lutador russo ainda apareceria no cenário de Ken, em Street Fighter Alpha 2. E no final de Hugo, em Street Fighter III: 2nd Impact.
E Titanic Tim, por sua vez, é um brutamontes inglês que é grande amigo de Birdie. Enfim, já deu pra perceber que o game tem seu espaço no universo Street Fighter. Mesmo não sendo um game tão famoso quanto seus “irmãos”. Mesmo assim, estas ligações se mostraram importantes para manter o game “conectado” com jogos famosos da empresa. Ajudando a chamar atenção dos gamers, e com isso, a dar um impulso extra para as vendas.
Em tempos de jogatina multiplayer no mesmo ambiente, Saturday Night Slam Masters era promessa de festa entre amigos. Proprietários de multitaps conseguiam ainda mais diversão com os quatro jogadores disponíveis. Assim, as famosas reuniões regadas a salgados e bebidas ficavam ainda mais interessantes.
O jogo, apesar de simples, divertia muito. Era acessível para quem jogava casualmente, e oferecia certo desafio, para os mais dedicados. Não é a mesma coisa que jogar um Street Fighter. Mas, o clima de show das lutas livres, a “aura” do famoso jogo da Capcom presente, e as várias referências, fazem dele uma opção importante para quem gosta de jogos de luta. E, principalmente, de jogos de luta da Capcom.
Houve uma sequência, lançado na mesma época, mas tá aí um game que merecia uma nova versão. Seja um HD Remix presente em alguma coletânea, ou mesmo o jogo “cru”. Ainda seria interessante ver como a Capcom poderia encaixar este jogo, modernizado, nos consoles atuais. Mas se nem séries mais famosas como Darkstalkers ganham atenção da empresa, imagine um jogo mais obscuro como esse.
Fonte: Arkade
Última edição por Sonymaster em Dom 25 Nov 2018, 20:17, editado 1 vez(es)