Eis aqui um jogo do Nintendo 64 que eu joguei primeiro no console do que no emulador... Antes de falar de Perfect Dark, quero deixar clara uma coisa: eu odeio jogos em primeira pessoa. Mas este é a minha excessão! Pois bem, se existe um jogo que eu posso chamar de azarado, este é Perfect Dark.PD tinha tudo para ser um dos maiores sucessos do Nintendo 64: além de ser praticamente uma sequência de Goldeneye(com uma engine muito melhorada), ele tem uma história interessante, muito bem trabalhada, armas legais, além de uma protagonista cativante; além disso, a mecânica do jogo lembra muito mais Metal Gear Solid do que Goldeneye, com muita exploração dos cenários e interatividade com eles. Infelizmente, este jogo teve o azar de ser lançado quase no final da vida do N64 e, por isso, não teve um impacto tão grande quanto Goldeneye. Mas isso não quer dizer que ele não tenha feito sucesso ou pior, que seja um jogo ruim, muito pelo contrário!
Perfect Dark conta a história da agente especial Joanna Dark do Instituto Carrington, que é enviada em missão contra a corporação multinacional dataDyne. Em sua missão, Jo descobre que a dataDyne tem planos para conquistar o mercado mundial de armas e, para isso, pretendem entre outras coisas substituir o presidente dos Estados Unidos. Entretanto, Jo acaba descobrindo que existem muito mais coisas por trás da dataDyne, segredos que levarão a Perfect Dark(codinome da Jo) a lutar para não apenas impedir a dataDyne e seus misteriosos colaboradores, mas para salvar toda a Terra.
A Engine de Perfect Dark é a mesma de Goldeneye, o que já garante sua jogabilidade impecável, mas com muitas melhorias(afinal, não faria sentindo simplesmente clonarem 007). A iluminação é melhor, o realismo dos movimentos também foi otimizado, é possível fazer também certos detalhes(como por exemplo desarmar o oponente atirando na arma). Há muita interatividade com os cenários, com os NPCs e tudo o mais; cada fase do jogo é dividida em missões e, para cumprí-las, em geral, há mais de um jeito; as missões, inclusive, não precisam necessariamente serem cumpridas na ordem em que aparecem. Cada fase tem um total de quatro missões com dificuldade variável(Agent, Special Agent e Perfect Agent), que deve ser escolhida antes da fase começar; o mais interessante é que você não pode escolher uma dificuldade mais difícil do que a da fase anterior; ou seja, se terminou a primeira fase na dificuldade Special Agent, não pode começar a segunda fase na dificuldade Perfect Agent. Outra coisa interessante é que pode-se iniciar o jogo de duas formas: direto na primeira missão ou então com um passeio pelo Instituto Carrington, para se acostumar com os comandos e conhecer um pouco mais sobre o jogo.
A parte gráfica, na minha sincera opinião, é que fica devendo um pouco. É verdade que temos uma ótima movimentação em 3D e cenários interessantes, mas há dois defeitos: primeiro é que as fases lembram demais o Doom original, até na movimentação; não que seja ruim, mas eu acho um pouco defasado para um jogo de 2000, o N64 já teve jogos melhores neste sentido. Segundo é que os personagens são meio quadradões demais; Resident Evil 2 provou que esse problema seria superável no N64; os rostos dos personagens são feitos com imagens digitalizadas, o que acaba dando um clima "meio Midway"; da mesma forma que em Goldeneye, o rosto dos inimigos muda aleatoriamente, mas aqui também muda a altura deles.
As músicas por sua vez, não chegam a ser ruins, mas não são lá aquela maravilha, pois costumam ser muito baixas. Mesmo assim, são mais do que adequadas ao jogo, uma vez que a maior parte do tempo não é bom ter música muito alta, para não atrapalhar, uma vez que muitas vezes é preciso ouvir os passos dos inimigos. Aliás, neste sentido o jogo realmente prima: os sons são muito bons e realistas, cada arma tem um som distinto, é possível ouvir não apenas os passos dos oponentes, como também portas abrindo e fechando, objetos caindo, veículos etc. As vozes estão ótimas, e os diálogos bem trabalhados.
Como não poderia deixar de ser, o modo Multiplayer é tão bom quanto o restante do jogo. O Combat Simulator tem seis modos de jogo: Combat, Capture de Case(Capture a Mala), Hold the Briefcase(Segure a Mala), King of the Hill(Rei da Colina), Hacker Central e Pop a Cap. Armas e fases são destravadas conforme se batem os "challenges" ou "desafios", jogos pré-definidos contra robôs. Os desafios são um bom começo para começar a aprender as manhas do jogo. São 30 desafios no total que podem ser realizados com até quatro jogadores. Se todos forem vencidos, os Darksims (robôs mais difíceis de se matar e mais letais) são destravados. Há muitos melhoramentos frente ao modo multiplayer do jogo GoldenEye. Quase todas as armas do jogo são disponíveis, exceto as armas do tipo Goldeneye e a Psychosis Gun. As armas dos combates entre jogadores podem ser arranjadas ao seu bel-prazer. Os jogadores podem ter perfis no multiplayer para salvar todas as suas estatísticas: quantos partidas já jogou, quantos matou e quantas vezes morreu, quais as medalhas que ganhou, etc. Há ainda os Simulants, robôs que servem de oponentes, que têm seis dificuldades: Meat, Easy, Normal, Hard, Perfect e Dark.
Por falar em armas, a variedade delas é bem alta. Boa parte delas são inspiradas nas armas de Goldeneye(como a RCP 120, inspirada na RCP 90), mas há muitas mais exclusivas aqui(como as "exóticas", por assim dizer). Além disso, existe um diferencial ainda maior em Perfect Dark: quase todas as armas têm uma segunda função; por exemplo, a arma Dragon tem como função primária metralhadora, mas sua função secundária a transforma numa mina de aproximação! Por outro lado, a Superdragon é uma variação da mesma arma, mas sua função secundária é de lança-granadas! Saber usar a função certa de cada arma pode ser um grande diferencial quando for cumprir as missões(principalmente se estiver usando o nível Perfect Agent), pois as funções secundárias costumam gastar mais munição que as primárias, mas são muito úteis(quando não essenciais) em certas partes. É preciso saber economizar bem a munição, uma vez que os inimigos vêm em doses cavalares, além de terem uma excelente IA, o que dificulta bastante as coisas. Os tiros voam pra todo lado e o sangue espirra aos borbotões, às vezes você tem a impressão de estar jogando Mortal Kombat devido à quantidade de sangue e violência. No decorrer do jogo acontecem ainda mudanças no status, visão e consciência de Jo; os socos atordoam e os tiros de tranquilizantes deixam a visão nublada, além de tornarem Jo mais lenta; como o jogo é em primeira pessoa, o jogador tem ainda mais essa sensação de realismo.
Perfect Dark foi lançado juntamente com uma versão homônima para Game Boy Color; embora tivessem o mesmo nome, entretanto, eram jogos bem diferentes. Mesmo assim, através do transfer Pak, era possível trocar dados entre os dois jogos. Cinco anos depois, a Rare lançou um prequel para XBox 360 chamado Perfect Dark Zero, mas que nem de longe fez tanto sucesso quanto o primeiro, além de mudar os gráficos para um estilo mais anime, o que pra muitos jogadores não foi uma boa mudança(mas pra mim foi, que fique claro!). Existia ainda uma capacidade extra no jogo Beta, a possibilidade de colocar o rosto do jogador nos personagens de Perfect Dark(isto era feito com a câmera do Game Boy Color), mas isto foi removido da versão final. A Rare declarou que isso foi feito pois aquilo poderia incitar a violência, mas muitos até hoje duvidam que esta seja a real causa; alguns argumentam que a capacidade removida poderia deixar o jogo lento demais, uma vez que ele já usa o Expansion Pak para evitar a lentidão. Seja como for, este é mais um daqueles mistérios que vão ficar sem uma solução definitiva.
FONTE: http://museumdosgames.blogspot.com/2009/05/perfect-darknintendo-64.html