Segundo José Possebon (coordenador de Higiene do trabalho da Fundacentro), a tragédia poderia ter sido evitada. Os sistemas de segurança da fábrica eram insuficientes, devido ao corte de despesas com segurança imposto pela matriz da empresa, nos EUA, que por sua vez acontece por causa do retorno esperado da indústria não ser suficiente.
Até os dias de hoje não se sabe quem seria realmente o responsável pelo incidente, a empresa responsável pela Union Carbide, a Dow Chemical Company, começou por acusar um suposto movimento terrorista indiano. Mais tarde, quando a história se tornou insustentável, acusou um empregado de sabotagem. O processo arrastou-se por longos anos até que um tribunal dos EUA decretasse que a sabotagem tinha sido o fator que levou ao desastre. Dow Chemicals nunca aceitou que o julgamento fosse feito no local onde efetivamente deveria ter sido realizado, na Índia. O responsável pela fábrica continua fugido nos EUA e os pedidos de extradição para a Índia foram sistematicamente recusados.
Em 2001, a Dow Química comprou a Union Carbide. Por esta aquisição, a Dow passou a ser responsável não apenas pelos ativos da empresa, como também por seus passivos ambientais e pelos crimes cometidos em Bhopal. No entanto, a Dow continua negando sua responsabilidade pelo crime cometido.
A empresa tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre, pagando ao governo da Índia uma indenização irrisória em face a gravidade da contaminação. A Union foi intimada a compensar aqueles que, com o desastre, perderam sua capacidade de trabalhar. A companhia se recusou a pagar US$ 220 milhões exigidos pelas organizações de sobreviventes. Em fevereiro de 1989, depois de cinco anos de disputa legal, o Governo Indiano e a empresa chegaram a um acordo de US$ 470 milhões. Supostamente, esta quantia deveria pôr fim a toda responsabilidade da indústria perante à sociedade. A indenização médica, de US$ 370 a US$ 533 por pessoa, seria suficiente apenas para cobrir despesas médicas por cinco anos. Muitas das vítimas, incluindo-se crianças sofrerão os efeitos pelo resto da vida. A indenização acordada não cobriu despesa médicas ou prejuízos relacionados à exposição contínua à área contaminada. O maior acidente industrial do mundo custou à Union Carbide apenas US$ 0,48 por ação.
Os moradores encontram-se revoltados e indignados com a situação em que vivem. Rachna Dhingra é um morador que sente na pela a tortura causada pela toxicidade do local e, segundo ele, o governo não é nem um pouco sensível à essa situação: olha para os sobreviventes com um olhar de desgosto.Boatos dizem que as vítimas não receberam todo o dinheiro da compensação paga pela Union Carbide ao governo.
Vinte e cinco anos depois as ações tomadas foram apenas retóricas ou cosméticas. As pessoas continuam, na prática, sem qualquer tipo de compensação ou apoio que lhes permitam, por exemplo, cuidados médicos relativos com a sua situação de saúde e a Dow continua a afirmar que essas compensações nunca terão lugar.
Em 7 de Junho de 2010, um tribunal indiano a empresa química norte-americana Union Carbide e sete dos seus funcionários, de nacionalidade indiana, por negligência agravada que pode resultar no decreto de sentenças de prisão a ascenderem aos dois anos, mais multas[1].