WASHINGTON e HONG KONG - As maiores fabricantes chinesas de equipamentos de telecomunicações devem ser banidas do mercado dos Estados Unidos e não poderão fazer negócios no país em razão da influência potencial do governo da China sobre elas representar uma ameaça à segurança americana, disse o relatório de um comitê de inteligência da Câmara dos Deputados dos EUA nesta segunda-feira.
Os serviços de inteligência dos Estados Unidos devem focar nos esforços da Huawei e da ZTE para se expandir no país americano e dizer ao setor privado que há uma possível ameaça de espionagem, após uma investigação de 11 meses sobre ambas as empresas no setor.
A Huawei, uma empresa que não negocia ações na bolsa, tem a segunda maior em receita de roteadores, switches e equipamentos de telecomunicações após a sueca Ericsson. A ZTE ocupa o quinto lugar.
As preocupações do comitê pode levar a tensões nas relações comerciais entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo.
Impacto será reduzido
No setor mundial de telefonia móvel (celulares), a ZTE ocupa o quarto lugar e a Huawei ocupa o sexto. A Huawei gerou cerca de 4% de suas vendas nos Estados Unidos, enquanto as receitas no país para a ZTE representaram entre 2% e 3% do seu total de vendas.
A maior parte das receitas americanas de ambas é com a venda de telefones móveis por operadoras como Verizon, Sprint e T-Mobile USA.
- O impacto será muito limitado se o relatório refere-se apenas a equipamentos de telecomunicações, mas é outra história se os dispositivos portáteis também estiverem incluídos - disse Huang Leping, analista da Nomura Securities após a divulgação do relatório.
No mercado americano de dispositivos portáteis, onde a Apple e a Samsung dominam, ZTE e Huawei ocupam o sexto e o oitavo lugar.
Cisco rompe com ZTE
Também nesta segunda-feira, a Cisco encerrou uma longa parceria de vendas com a ZTE após investigar as acusações de que a fabricante chinesa vendeu equipamentos de rede da Cisco ao Irã. A Cisco começou a investigação após matérias da Reuters em março e abril terem mostrado como a ZTE, ilegalmente, tinha vendido à maior empresa de telecomunicação do Irã equipamentos da Cisco e de outras americanas.
As matérias estimularam investigações internas nas empresas envolvidas, assim como do Departamento de Comércio americano, do FBI e de um comitê de inteligência e segurança de deputados em Washington.
As empresas respondem
A questão veio à tona um mês antes da eleição presidencial dos Estados Unidos, a qual o impacto do crescimento da China no índice de emprego americano tem sido tema de campanha e enquanto a Huawei avalia uma oferta inicial pública de ações (IPO, na sigla em inglês), segundo fontes.
A Huawei tem discutido a ideia de se tornar pública há anos, mas houve pouco progresso nesse sentido por sua estrutura de ações complicada.
O porta-voz da Huawei, William Plummer, rejeitou as acusações em um comunicado. "As acusações infundadas que indicam que a Huawei é de alguma forma vulnerável a ataques ignora realidades técnicas e comerciais, e ameaça de forma imprudente os empregos americanos e a inovação, não faz nada para proteger a segurança nacional", disse
Já a ZTE publicou nesta segunda-feira a cópia de uma carta que enviou à comissão antes de uma audiência em setembro, citando um "profundo desacordo" com a acusação de que é controlada pelo governo chinês.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse que as empresas de telecomunicações do país operam de acordo com as regras do mercado e sugeriu aos Estados Unidos "pôr de lado preconceitos" em relação a ambas as empresas e manter e negócios com a Huawei e com a ZTE.
Fonte: http://oglobo.globo.com/tecnologia/chinesas-huawei-zte-devem-ser-banidas-do-mercado-americano-6331846