Há quatro anos, os consumidores ganharam o direito de abrir uma conta-corrente gratuita. A falta de informação e também o descaso dos bancos têm feito com que a lei não seja cumprida e muitas pessoas se tornem correntistas pagando um alto valor.
Órgãos de defesa do consumidor afirmam que é difícil achar um banco que ofereça ao cliente o pacote de serviços essenciais, isento de tarifas, criado pelo Banco Central.
Em julho, por exemplo, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou uma pesquisa em que mostrava que quase todos os bancos negavam o benefício que garante por mês quatro saques, dois extratos e 10 folhas de cheque sem qualquer cobrança.
Aqui no Estado, o comportamento se repete. A reportagem de A GAZETA foi a quatro agências na Reta da Penha, em Vitória, onde constatou o despreparo dos atendentes para falar sobre o pacote de serviços essenciais.
Em algumas instituições financeiras, além de encontrarmos funcionários que nunca ouviram falar na facilidade, existia também a ausência de tabelas para apresentar aos consumidores todos os direitos.
No Itaú, por exemplo, perguntamos o que seria necessário para abrir uma conta-corrente com serviços essenciais. A atendente disse não conhecer a modalidade. Nós explicamos que era o pacote criado pelo Banco Central. Mas ela afirmou que esse tipo de serviço é restrito a um público específico, como servidores públicos e aposentados.
No Banestes, a atendente também não sabia explicar como funcionava a abertura de uma conta com serviços essenciais. Ela apenas imprimiu uma tabela com as informações e pediu a um outro funcionário do banco para explicar. O rapaz ressaltou que não valeria a pena contratar esse pacote, pois ele só seria vantajoso caso o cliente não fizesse nenhuma movimentação. E se realizasse apenas um saque, por exemplo, seria necessário pagar R$ 13,50.
A impressão que tivemos é que ele confundiu o serviço essencial com o plano padronizado de tarifas, que é um pacote com um número de facilidades, que pode ser cobrado por um preço mais econômico.
No Banco do Brasil, o primeiro atendente não soube dizer se existia a conta de serviços essenciais e pediu ajuda a outros dois profissionais da instituição. Eles não conseguiram encontrar dentro do pacote de tarifas quais serviços o cliente tem ao contratar a conta gratuita. E sugeriram-nos que verificássemos os dados no site do Banco Central.
Já na Caixa a colaboradora disse que a única conta gratuita oferecida é o Caixa Fácil, mas que seria necessário ter uma renda de até R$ 2 mil para contratá-la.
Procon manda cliente reclamar
Cerca de 80% dos consumidores não têm conhecimento sobre as regras que obrigam os bancos a oferecem aos clientes a conta-corrente gratuita. Essa falta de consciência faz com que poucas queixas cheguem aos Procons.
A gerente de Atendimento do Procon Estadual, Anelise Real, acredita que seria necessário realizar uma campanha educativa para que a lei chegue até o cidadão.
"Seria necessário um trabalho em conjunto entre governo e bancos. No entanto, percebemos que não existe um interesse das instituições em informar. É muito cômodo para elas apresentar apenas seus planos de serviços e não comunicar a gratuidade", destaca.
Sem mudar
Além de ter dificuldade de abrir uma conta-corrente, contratando os serviços essenciais, muitos consumidores têm dificuldade para transformar suas contas pagas para o sistema gratuito.
Segundo a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, em pesquisa realizada em julho deste ano, a entidade pôde verificar como estava a situação.
Os pesquisadores do órgão que tinham aberto contas-correntes em seis instituições puderam perceber que elas impõem barreiras para a pessoa que deseja migrar para a conta grátis.
Entre os argumentos apresentados pelos bancos estão: o perfil não se encaixa nesse tipo de conta e o sistema não consegue fazer a migração.
"Os bancos não podem proibir ninguém de ter. É importante o consumidor fazer uso da norma e frisar seu direito", afirma.
Segundo Ione, o que complica o desrespeito dos bancos é a falta de fiscalização. Apesar de o Banco Central orientar o cumprimento das normas, não há nenhum órgão verificando se os direitos dos consumidores estão sendo respeitados.
"A maioria dos bancos sempre dá desculpas para não atender às regras e diz que era um funcionário despreparado ou que foi um fato isolado. Mas nós sabemos que não é, pois no site do Banco Central existem muitas reclamações em relação ao desinteresse das instituições".
O teste nas agências
Banco do Brasil
O primeiro atendente não soube dizer se existia a conta de serviços essenciais. Segundo ele, a conta mais barata do banco era a universitária. Como ele ficou em dúvida, chamou outros dois atendentes para nos explicar. Eles procuraram no portifólio do BB, mas não encontraram o serviço. Disseram que seria possível sim abrir a conta-corrente gratuita e que a reportagem poderia ver as condições no site do Banco Central. Um dos atendentes chegou a falar que talvez não valesse a pena porque existiria uma limitação de serviços e que se ultrapasse seria necessário pagar a mais.
Caixa
A atendente disse que a única conta gratuita que o banco oferecia era o Caixa Fácil, para pessoas com renda de até R$ 2 mil. Quando questionada sobre essa tal conta-corrente de serviços essenciais, ela abriu o catálogo de tarifas para mostrar todas as contas-correntes. Como estávamos atentos, mostramos a ela as informações sobre os serviços essenciais. Ela chegou a dizer: é interessante essa conta.
Banestes
A atendente imprimiu a tabela com as informações sobre a conta de serviços essenciais, mas pediu ajuda a um colega para explicar o que o consumidor teria direito. O funcionário do banco disse que não valeria a pena abrir essa conta-corrente, pois ela só seria gratuita se o cliente não fizesse nenhuma movimentação. Se sacasse o dinheiro, por exemplo, teria que pagar R$ 13,50, valor até mais alto do que a conta principal do Banestes. Acreditamos que ele confundiu a conta de serviços essenciais com o pacote padronizados.
Itaú
A atendente disse que a conta de serviços essenciais é restrita a um público específico, como servidores públicos e aposentados. Ela disse que a única conta gratuita que o banco oferece é o iConta, uma conta virtual com movimentação eletrônica e sem fornecimento de folha de cheque.
Instituições garantem que cumprem a lei
Mesmo com as queixas dos órgãos de defesa do consumidor e do teste de A GAZETA, bancos afirmam cumprir a lei que garante a gratuidade da conta-corrente de serviços essenciais.
O Banestes informou "que qualquer pessoa pode abrir conta-corrente no banco e optar em usar apenas os serviços essenciais que são isentos de tarifas. Em todas as agências do banco estão disponíveis a tabela de tarifas e comissões bancárias".
Já o Banco do Brasil afirmou que disponibiliza aos seus clientes a conta-corrente de serviços essenciais, que são serviços básicos, oferecidos de forma gratuita, necessários para a movimentação de sua conta corrente.
"O banco vai reforçar a comunicação com seus funcionários, de forma a garantir o melhor atendimento aos seus clientes".
A instituição garante fornecimento de primeira via de cartão de débito, de segunda via de cartão de débito, de 10 folhas de cheques por mês, compensação de cheque, realização de quatro saques por mês, fornecimento de dois extratos contendo a movimentação do mês, realização de duas transferências de recursos entre contas na própria instituição, realização de consultas mediante utilização da internet, fornecimento do extrato anual de tarifas.
O Itaú disse que "reafirma seu compromisso com a satisfação de seus clientes e a preocupação em entender suas necessidades por serviços bancários, oferecendo a possibilidade de aderirem a pacotes que melhor se enquadrem ao seu perfil de relacionamento com o banco".
E a Caixa assegura que "garante os serviços essenciais, estabelecidos pelo Banco Central, sem cobrança de tarifa, a todos os clientes pessoa física titulares de conta-corrente e poupança". Segundo o banco, o consumidor tem direito a cartão de débito, a realizar quatro saques, a fazer duas transferências de recursos entre contas na própria instituição, a dois extratos dos últimos 30 dias, consultas pela internet sem limites, um extrato anual de tarifas, compensação de cheques, fornecimento de 10 folhas e movimentação por cartão de débito.
Fonte: A Gazeta ( http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/11/noticias/dinheiro/1373742-bancos-nao-informam-sobre-conta-gratuita-para-consumidores.html )
PQP, fantástico!
Quem dera se todos soubessem desse direito.
Última edição por Zeck em Qua 14 Nov 2012, 14:58, editado 1 vez(es)
Órgãos de defesa do consumidor afirmam que é difícil achar um banco que ofereça ao cliente o pacote de serviços essenciais, isento de tarifas, criado pelo Banco Central.
Em julho, por exemplo, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou uma pesquisa em que mostrava que quase todos os bancos negavam o benefício que garante por mês quatro saques, dois extratos e 10 folhas de cheque sem qualquer cobrança.
Aqui no Estado, o comportamento se repete. A reportagem de A GAZETA foi a quatro agências na Reta da Penha, em Vitória, onde constatou o despreparo dos atendentes para falar sobre o pacote de serviços essenciais.
Em algumas instituições financeiras, além de encontrarmos funcionários que nunca ouviram falar na facilidade, existia também a ausência de tabelas para apresentar aos consumidores todos os direitos.
No Itaú, por exemplo, perguntamos o que seria necessário para abrir uma conta-corrente com serviços essenciais. A atendente disse não conhecer a modalidade. Nós explicamos que era o pacote criado pelo Banco Central. Mas ela afirmou que esse tipo de serviço é restrito a um público específico, como servidores públicos e aposentados.
No Banestes, a atendente também não sabia explicar como funcionava a abertura de uma conta com serviços essenciais. Ela apenas imprimiu uma tabela com as informações e pediu a um outro funcionário do banco para explicar. O rapaz ressaltou que não valeria a pena contratar esse pacote, pois ele só seria vantajoso caso o cliente não fizesse nenhuma movimentação. E se realizasse apenas um saque, por exemplo, seria necessário pagar R$ 13,50.
A impressão que tivemos é que ele confundiu o serviço essencial com o plano padronizado de tarifas, que é um pacote com um número de facilidades, que pode ser cobrado por um preço mais econômico.
No Banco do Brasil, o primeiro atendente não soube dizer se existia a conta de serviços essenciais e pediu ajuda a outros dois profissionais da instituição. Eles não conseguiram encontrar dentro do pacote de tarifas quais serviços o cliente tem ao contratar a conta gratuita. E sugeriram-nos que verificássemos os dados no site do Banco Central.
Já na Caixa a colaboradora disse que a única conta gratuita oferecida é o Caixa Fácil, mas que seria necessário ter uma renda de até R$ 2 mil para contratá-la.
Procon manda cliente reclamar
Cerca de 80% dos consumidores não têm conhecimento sobre as regras que obrigam os bancos a oferecem aos clientes a conta-corrente gratuita. Essa falta de consciência faz com que poucas queixas cheguem aos Procons.
A gerente de Atendimento do Procon Estadual, Anelise Real, acredita que seria necessário realizar uma campanha educativa para que a lei chegue até o cidadão.
"Seria necessário um trabalho em conjunto entre governo e bancos. No entanto, percebemos que não existe um interesse das instituições em informar. É muito cômodo para elas apresentar apenas seus planos de serviços e não comunicar a gratuidade", destaca.
Sem mudar
Além de ter dificuldade de abrir uma conta-corrente, contratando os serviços essenciais, muitos consumidores têm dificuldade para transformar suas contas pagas para o sistema gratuito.
Segundo a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, em pesquisa realizada em julho deste ano, a entidade pôde verificar como estava a situação.
Os pesquisadores do órgão que tinham aberto contas-correntes em seis instituições puderam perceber que elas impõem barreiras para a pessoa que deseja migrar para a conta grátis.
Entre os argumentos apresentados pelos bancos estão: o perfil não se encaixa nesse tipo de conta e o sistema não consegue fazer a migração.
"Os bancos não podem proibir ninguém de ter. É importante o consumidor fazer uso da norma e frisar seu direito", afirma.
Segundo Ione, o que complica o desrespeito dos bancos é a falta de fiscalização. Apesar de o Banco Central orientar o cumprimento das normas, não há nenhum órgão verificando se os direitos dos consumidores estão sendo respeitados.
"A maioria dos bancos sempre dá desculpas para não atender às regras e diz que era um funcionário despreparado ou que foi um fato isolado. Mas nós sabemos que não é, pois no site do Banco Central existem muitas reclamações em relação ao desinteresse das instituições".
O teste nas agências
Banco do Brasil
O primeiro atendente não soube dizer se existia a conta de serviços essenciais. Segundo ele, a conta mais barata do banco era a universitária. Como ele ficou em dúvida, chamou outros dois atendentes para nos explicar. Eles procuraram no portifólio do BB, mas não encontraram o serviço. Disseram que seria possível sim abrir a conta-corrente gratuita e que a reportagem poderia ver as condições no site do Banco Central. Um dos atendentes chegou a falar que talvez não valesse a pena porque existiria uma limitação de serviços e que se ultrapasse seria necessário pagar a mais.
Caixa
A atendente disse que a única conta gratuita que o banco oferecia era o Caixa Fácil, para pessoas com renda de até R$ 2 mil. Quando questionada sobre essa tal conta-corrente de serviços essenciais, ela abriu o catálogo de tarifas para mostrar todas as contas-correntes. Como estávamos atentos, mostramos a ela as informações sobre os serviços essenciais. Ela chegou a dizer: é interessante essa conta.
Banestes
A atendente imprimiu a tabela com as informações sobre a conta de serviços essenciais, mas pediu ajuda a um colega para explicar o que o consumidor teria direito. O funcionário do banco disse que não valeria a pena abrir essa conta-corrente, pois ela só seria gratuita se o cliente não fizesse nenhuma movimentação. Se sacasse o dinheiro, por exemplo, teria que pagar R$ 13,50, valor até mais alto do que a conta principal do Banestes. Acreditamos que ele confundiu a conta de serviços essenciais com o pacote padronizados.
Itaú
A atendente disse que a conta de serviços essenciais é restrita a um público específico, como servidores públicos e aposentados. Ela disse que a única conta gratuita que o banco oferece é o iConta, uma conta virtual com movimentação eletrônica e sem fornecimento de folha de cheque.
Instituições garantem que cumprem a lei
Mesmo com as queixas dos órgãos de defesa do consumidor e do teste de A GAZETA, bancos afirmam cumprir a lei que garante a gratuidade da conta-corrente de serviços essenciais.
O Banestes informou "que qualquer pessoa pode abrir conta-corrente no banco e optar em usar apenas os serviços essenciais que são isentos de tarifas. Em todas as agências do banco estão disponíveis a tabela de tarifas e comissões bancárias".
Já o Banco do Brasil afirmou que disponibiliza aos seus clientes a conta-corrente de serviços essenciais, que são serviços básicos, oferecidos de forma gratuita, necessários para a movimentação de sua conta corrente.
"O banco vai reforçar a comunicação com seus funcionários, de forma a garantir o melhor atendimento aos seus clientes".
A instituição garante fornecimento de primeira via de cartão de débito, de segunda via de cartão de débito, de 10 folhas de cheques por mês, compensação de cheque, realização de quatro saques por mês, fornecimento de dois extratos contendo a movimentação do mês, realização de duas transferências de recursos entre contas na própria instituição, realização de consultas mediante utilização da internet, fornecimento do extrato anual de tarifas.
O Itaú disse que "reafirma seu compromisso com a satisfação de seus clientes e a preocupação em entender suas necessidades por serviços bancários, oferecendo a possibilidade de aderirem a pacotes que melhor se enquadrem ao seu perfil de relacionamento com o banco".
E a Caixa assegura que "garante os serviços essenciais, estabelecidos pelo Banco Central, sem cobrança de tarifa, a todos os clientes pessoa física titulares de conta-corrente e poupança". Segundo o banco, o consumidor tem direito a cartão de débito, a realizar quatro saques, a fazer duas transferências de recursos entre contas na própria instituição, a dois extratos dos últimos 30 dias, consultas pela internet sem limites, um extrato anual de tarifas, compensação de cheques, fornecimento de 10 folhas e movimentação por cartão de débito.
Fonte: A Gazeta ( http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/11/noticias/dinheiro/1373742-bancos-nao-informam-sobre-conta-gratuita-para-consumidores.html )
PQP, fantástico!
Quem dera se todos soubessem desse direito.
Última edição por Zeck em Qua 14 Nov 2012, 14:58, editado 1 vez(es)