Sou mineiro. Sou de Uberaba, o epicentro do espiritismo, este mal que tanto assola nosso país.
Na decada de 70 eu trabalhava na linha de produção de macarrão EMEGE. Meu cargo era varrer os estilhaços de macarrão que se quebravam e ficavam no chão. Eu varria aquilo tudo e quando juntava num saco. Quando dava uns 50kg devolvia tudo pra máquina de produção pra fazer um macarrão de pior qualidade, que remetíamos para os estados de Goiás e Bahia.
Recebia dois salários, isso me dava um certo destaque na sociedade. Em pouco tempo consegui comprar minha Monark Barra-Circular vermelha. Meu passa tempo era modificá-la, coloquei raio grosso nas rodas, buzina, refletor, limpa-roda e até um farol de dínamo. Tão logo estava melhorando de vida chamei a atenção dos espíritas, que notando minhas posses, quiseram tomá-las pra si.
Valdir trabalhava no escritório de contabilidades da EMEGE, era um negro muito forte e alto, com dentes brancos que chegavam a brilhar; Talvez por causa do contraste com a pele, muito escura. O gongo das dezessete horas soou e montei em minha barra-circular e fui interrompido por Valdir, que perguntou:
- Ei, Jequião, espere só. Você conhece o centro espírita do Chico Xavier?
- Sim, já ouvi falar.
- Pois é, quero te convidar pra irmos lá hoje, os funcionários em peso vão.
Como naquela época era católico acabei me envolvendo com o espiritismo.
Iludido por toda aquela balela, acabei me tornando um frequentador assíduo, cheguei até a conhecer Chico Xavier pessoalmente, que como eu, era Atleticano fanático. Por causa da afinidade futebolísitica acabando nos tornando grandes amigos.
Nos nossos papos, regados à whisky e cerveja, acabei descobrindo que toda aquela “doutrina” não passava de uma farsa. Ele, embriagado, me contava todo o esquema de aliciação de novos membros. Eu, católico fervoroso, achava aquilo tudo uma graça. Gargalhávamos ao ler as cartas de seus admiradores, enquanto tomávamos litros e litros de Brahma Chopp e fumávamos charutos montecristo.
Mesmo com o sucesso do espiritismo, se alastrando por todo país, Chico ainda se recusava a receber dinheiro. Ele dizia: “Sangue-Bom, dinheiro pra quê? O importante é a fama, tá ligado? Com a fama a gente pode ter tudo o que quiser. Manjou?”
Nesta época fui iniciado médium. No centro-espírita recebiamos milhares de seguidores e eu ‘psicografava’ cartas e livros. Eu usava uma escuta, no ouvido esquerdo. Os chefões do esquema passavam as mensagens, vagas e genéricas, com as informações necessárias (nomes dos familiares e causa da morte) para enganar os fiéis.
Tudo era matematicamente planejado. Chico, que era o garoto-propaganda do movimento, não era muito ligado à bens materiais, mas era um cara que gostava de curtir a vida. Sua fama lhe permitia ir à qualquer restaurante mineiro e não pagar nada.
Um dia ele apareceu lá em casa buzinando, com seu óculos escuros Ray Ban e sua boina italiana. Estava num Opala 6 cilindros bege novinho. No som tocava Evaldo Braga na maior altura.
- Entra aí, sô. Bora dar um pulo no cabaré.
- Onde você conseguiu este carro, Chicão?
- Uai, sô. Doação, tá ligado?
- Vixe! Pé na tábua!
Fomos ao cabaré mais conceituado de Uberaba. Lá enchemos a cara do melhor whisky, e agraciados com as mais belas mulheres. Tive com uma linda, chamada Hilda Furação.
Nós dois muito embriagados e ele disse que tínhamos que ir embora imediatamente pra Belorizonte, porque haveria o culto do lar cedo. Ponderei e disse que era melhor dormir em Uberaba e ir no dia seguinte.
- Porra, Jequião, temos que ir agora mesmo. Deixa de ser bixa!
- Tá bom, Chico, mas vá devagar
- Vá lá.
Pegamos a BR-262, falei pra Chico ir com cuidado mas ele estava apressado pra chegar em Uberaba. Colocou 180km/h no Opala, fazia ultrapassagens perigosa. Mesmo rápido ainda não se contentava, ficava dizendo: “Corre, porra, corre!”
Talvez consumido pela embriaguez do legítimo whisky escocês Johnny Walker, ou talvez pela velocidade alucinante em que trafegava por aquela rodovia federal tão esburacada, ele não notou o bicicleteiro que andava vagarosamente próximo ao acostamento. Tentou desviar, frenou o carro com tudo mas o acerteu em cheio. Capotamos o carro: 5 vezes no ar e 17 vezes no chão.
Acordei no hospital e fui informado que seria preso pelo sequestro de Chico Xavier. Fiquei confuso na hora, mas depois fui saber de tudo. Chico me acusara de sequestro pra ‘tirar o dele da reta’. Ele era um cara muito egoísta e não se importava com ninguém. Mais tarde fui saber que não tinha culto do lar coisa nenhuma, ele estava apressado pra ir assistir o jogo do Galo no Mineirão.
Fui julgado e preso, afinal de contas era a minha palavra contra a dele. Fora esta injustiça ainda tive minha foto estampada na primeira página do jornal Estado de Minas, taxado como seqüestrador e lunático.
Fiquei 10 anos preso e quando saí fui vítima de preconceito, ninguém me aceitava como empregado e sequer alugariam casas pra mim. O espiritismo estava atrelado à sociedade mineira de forma escandalosa. Eu havia de fazer alguma coisa, decidi à lutar contra esta doutrina. Foi aí que conheci o pastor Silas, que na época importava queijo-minas e os levava pra Goiás em sua Fiorino Prata 1.6 à álcool.
Estava andando pela rua e ele passou em sua camionete carregada de queijo. Parou pra me pedir informação e eu falei:
- Não passa por esta rua não, é cheia de espíritas. Passe pela avenida.
Ele riu-se, e disse que também repudiava os espíritas. Ele estacionou a camionete e relatei toda minha história. Seus olhos verteram lágrimas, foi a única pessoa à se sensibilizar e a acreditar em mim piamente. Me convidou para ir para o estado de Goiás, onde estava alicerçando sua igreja. Aceitei prontamente e fui disciplinado no evangelho protestante.
Hoje estou salvo e sou um pastor conceituado da Igreja Internacional, voltei para Uberaba e hoje ministro cultos todos dias às 18 horas.
Pastor Jequião Barreto
Fonte: http://igrejainternacional.com/testemunhos-fe/chico-xavier-e-o-opala-maldito#more-115
Na decada de 70 eu trabalhava na linha de produção de macarrão EMEGE. Meu cargo era varrer os estilhaços de macarrão que se quebravam e ficavam no chão. Eu varria aquilo tudo e quando juntava num saco. Quando dava uns 50kg devolvia tudo pra máquina de produção pra fazer um macarrão de pior qualidade, que remetíamos para os estados de Goiás e Bahia.
Recebia dois salários, isso me dava um certo destaque na sociedade. Em pouco tempo consegui comprar minha Monark Barra-Circular vermelha. Meu passa tempo era modificá-la, coloquei raio grosso nas rodas, buzina, refletor, limpa-roda e até um farol de dínamo. Tão logo estava melhorando de vida chamei a atenção dos espíritas, que notando minhas posses, quiseram tomá-las pra si.
Valdir trabalhava no escritório de contabilidades da EMEGE, era um negro muito forte e alto, com dentes brancos que chegavam a brilhar; Talvez por causa do contraste com a pele, muito escura. O gongo das dezessete horas soou e montei em minha barra-circular e fui interrompido por Valdir, que perguntou:
- Ei, Jequião, espere só. Você conhece o centro espírita do Chico Xavier?
- Sim, já ouvi falar.
- Pois é, quero te convidar pra irmos lá hoje, os funcionários em peso vão.
Como naquela época era católico acabei me envolvendo com o espiritismo.
Iludido por toda aquela balela, acabei me tornando um frequentador assíduo, cheguei até a conhecer Chico Xavier pessoalmente, que como eu, era Atleticano fanático. Por causa da afinidade futebolísitica acabando nos tornando grandes amigos.
Nos nossos papos, regados à whisky e cerveja, acabei descobrindo que toda aquela “doutrina” não passava de uma farsa. Ele, embriagado, me contava todo o esquema de aliciação de novos membros. Eu, católico fervoroso, achava aquilo tudo uma graça. Gargalhávamos ao ler as cartas de seus admiradores, enquanto tomávamos litros e litros de Brahma Chopp e fumávamos charutos montecristo.
Mesmo com o sucesso do espiritismo, se alastrando por todo país, Chico ainda se recusava a receber dinheiro. Ele dizia: “Sangue-Bom, dinheiro pra quê? O importante é a fama, tá ligado? Com a fama a gente pode ter tudo o que quiser. Manjou?”
Nesta época fui iniciado médium. No centro-espírita recebiamos milhares de seguidores e eu ‘psicografava’ cartas e livros. Eu usava uma escuta, no ouvido esquerdo. Os chefões do esquema passavam as mensagens, vagas e genéricas, com as informações necessárias (nomes dos familiares e causa da morte) para enganar os fiéis.
Tudo era matematicamente planejado. Chico, que era o garoto-propaganda do movimento, não era muito ligado à bens materiais, mas era um cara que gostava de curtir a vida. Sua fama lhe permitia ir à qualquer restaurante mineiro e não pagar nada.
Um dia ele apareceu lá em casa buzinando, com seu óculos escuros Ray Ban e sua boina italiana. Estava num Opala 6 cilindros bege novinho. No som tocava Evaldo Braga na maior altura.
- Entra aí, sô. Bora dar um pulo no cabaré.
- Onde você conseguiu este carro, Chicão?
- Uai, sô. Doação, tá ligado?
- Vixe! Pé na tábua!
Fomos ao cabaré mais conceituado de Uberaba. Lá enchemos a cara do melhor whisky, e agraciados com as mais belas mulheres. Tive com uma linda, chamada Hilda Furação.
Nós dois muito embriagados e ele disse que tínhamos que ir embora imediatamente pra Belorizonte, porque haveria o culto do lar cedo. Ponderei e disse que era melhor dormir em Uberaba e ir no dia seguinte.
- Porra, Jequião, temos que ir agora mesmo. Deixa de ser bixa!
- Tá bom, Chico, mas vá devagar
- Vá lá.
Pegamos a BR-262, falei pra Chico ir com cuidado mas ele estava apressado pra chegar em Uberaba. Colocou 180km/h no Opala, fazia ultrapassagens perigosa. Mesmo rápido ainda não se contentava, ficava dizendo: “Corre, porra, corre!”
Talvez consumido pela embriaguez do legítimo whisky escocês Johnny Walker, ou talvez pela velocidade alucinante em que trafegava por aquela rodovia federal tão esburacada, ele não notou o bicicleteiro que andava vagarosamente próximo ao acostamento. Tentou desviar, frenou o carro com tudo mas o acerteu em cheio. Capotamos o carro: 5 vezes no ar e 17 vezes no chão.
Acordei no hospital e fui informado que seria preso pelo sequestro de Chico Xavier. Fiquei confuso na hora, mas depois fui saber de tudo. Chico me acusara de sequestro pra ‘tirar o dele da reta’. Ele era um cara muito egoísta e não se importava com ninguém. Mais tarde fui saber que não tinha culto do lar coisa nenhuma, ele estava apressado pra ir assistir o jogo do Galo no Mineirão.
Fui julgado e preso, afinal de contas era a minha palavra contra a dele. Fora esta injustiça ainda tive minha foto estampada na primeira página do jornal Estado de Minas, taxado como seqüestrador e lunático.
Fiquei 10 anos preso e quando saí fui vítima de preconceito, ninguém me aceitava como empregado e sequer alugariam casas pra mim. O espiritismo estava atrelado à sociedade mineira de forma escandalosa. Eu havia de fazer alguma coisa, decidi à lutar contra esta doutrina. Foi aí que conheci o pastor Silas, que na época importava queijo-minas e os levava pra Goiás em sua Fiorino Prata 1.6 à álcool.
Estava andando pela rua e ele passou em sua camionete carregada de queijo. Parou pra me pedir informação e eu falei:
- Não passa por esta rua não, é cheia de espíritas. Passe pela avenida.
Ele riu-se, e disse que também repudiava os espíritas. Ele estacionou a camionete e relatei toda minha história. Seus olhos verteram lágrimas, foi a única pessoa à se sensibilizar e a acreditar em mim piamente. Me convidou para ir para o estado de Goiás, onde estava alicerçando sua igreja. Aceitei prontamente e fui disciplinado no evangelho protestante.
Hoje estou salvo e sou um pastor conceituado da Igreja Internacional, voltei para Uberaba e hoje ministro cultos todos dias às 18 horas.
Pastor Jequião Barreto
Fonte: http://igrejainternacional.com/testemunhos-fe/chico-xavier-e-o-opala-maldito#more-115