Sudit S2 TaeYeon escreveu: lembro final do ano passado aqui na argentina, teve uma onda de saqueios em supermercados e lojas de eletro domesticos na semana do natal...
é aquela velha historia manjada, pobres pessoas carentes, que nao tem o que comer, necessitados, mas o 1o que roubam sao lcd, aparelhos eletronicos, depois bebidas alcoolicas, e quando ja nao sobram nada, roubam comida...
Ai saiu na tv uma mulher, do gueto mesmo, gritando e impondo que estavam no seu direito, que o governo nao lhe deu o que era dela de direito(...), e se o governo nao lhe der o que eles querem eles iriam continuar fazendo saques para tomar na força o que eles impunham que eram deles por direito...
O foda que ai vem grupos sociais que dao razao a eles... e ninguem vai preso e a palhacada continua.
Como sempre comento... uma pessoa sozinha jogar uma pedra num onibus, é um marginal... 15 pessoas incendiarem um onibus, sao apenas pobres vitimas da sociedade lutando pelos seus direitos...
Uma pessoa mostrar o peru na rua, vai preso na hora se for pego... 15 pessoas sairem peladas na paulista ao meio dia, sao pobres vitimas da sociedade lutando pelos seus direitos...
Quando a babaquice se faz em grupo, se torna intocavel socialmente, foda-se a etica e a lei.
Não é bem assim. O chamado saque famélico é encarado pela lei de forma diferente do que roubo ou furto, não havendo crime quando é praticado fato em estado de necessidade. Também não é algo liberado totalmente, na base do oba-oba, respondendo, pelo excesso doloso ou culposo. (Código Penal, art. 23, I e respectivo parágrafo único).
Em suma, saque famélico não é crime desde que seja de fato cometido para matar a fome ou satisfazer necessidades vitais (eu encaixaria nisso, por exemplo, saques a remédios), em um momento de grave crise econômica e social, penúria e miséria.
Logicamente isso não se aplica a saque de bebidas alcóolicas e eletrônicos, mas , sendo agora minha vez de polemizar, entra aí uma questão: as pessoas que durante o saque estão agindo de acordo com o modelo capitalista, o qual através do marketing e da propaganda (entre outras formas) atrelam a ideia de realização, felicidade e valorização pessoal à posse de determinados bens de consumo não-essenciais/ não vitais.
Essas pessoas são criadas e educadas em um sistema que neles introjeta esse modelo, mas não confere a todos a possibilidade de participar plenamente dele, daí em um momento de saque a pessoa acredita estar em seu direito, e até atendendo uma real necessidade, de levar a TV de LCD que a propaganda, a mídia e o marketing tanto bombardearam dentro de sua mente, mas que o salário pago em troca de seu trabalho dentro desse mesmo sistema não permite adquirir com facilidade (ou pior ainda, o mesmo sistema que não foi capaz de garantir o pleno emprego e o governo que não consegue lidar com o desemprego de forma adequada).
Concordo com saque de babidas alcóolicas, TVs de LCD e aparelhos de som? Não. Acho que aí já deixou de ser algo feito para atender necessidades nao atendidas para atender consumismo não atendido.
Mas... quem gera o consumismo? E o fetiche de consumo?
P.S: Já teve gente que me olhou torto quando eu falei que o jovem que se alista no tráfico o está fazendo por razões capitalistas. Ele procura uma inserção na sociedade de consumo e a possibilidade de consumir/ adquirir os bens de consumo apregoados pela propaganda e marketing da grande mídia- tênis da Nike, óculos escuros que custa R$400,00, roupas de marcas caras, etc.
Eu sempre bato na tecla de que não adianta a linha do "Bandido bom é bandido morto" e querer endurecer a repressão de forma desmedida achando que isso vai resolver a situação. É como lutar com uma hidra... corta-se uma cabeça e brotarão duas no lugar. Mata-se um traficante hoje e logo em seguida vão ter 3 jovens sem perspectiva de vida e ávidos para consumir (pois na sociedade de consumo e espetáculo, você é o que você consome e ostenta, e será avaliado e valorizado pelo que tem, não pelo que você é, ou pelo seu caráter ou valores) brigando pelo fuzil do morto e para ocupar seu lugar.