Douglas Engelbart, morto no último 2 de julho, recebeu notas discretas de obituário nos jornais. Ele estava com 88 anos e faleceu em casa, vítima de insuficiência renal e de acúmulo de experiências.
Na minha opinião, a notícia de sua morte merecia ser manchete. Pois o cara simplesmente inventou o mouse. Em 1968, enquanto Paris ardia nas mãos da juventude e o Brasil esfriava com o AI-5, Engelbart apresentava em uma conferência em San Francisco o seu ratinho infernal.
Um dispositivo que mudaria mais o mundo do que os jovens franceses e os ditadores brasileiros. O protótipo era de madeira, mas servia para movimentar ícones numa tela. O público da conferência - formado por nerds, cdfs, engenheiros, curiosos - ficou boquiaberto.
É claro que entre o protótipo e o produto final, muitos bits passaram pelas garagens e empresas californianas. O mundo então não conhecia os PCs e muito menos a internet. Ainda estávamos na época dos imensos computadores acessados por cartões perfurados.
Mas Engelbart, engenheiro eletrônico do tipo visionário, intuía um futuro no qual pessoas comuns, sem conhecimentos técnicos, poriam as mãos na tecnologia digital. Ele também contribuiu para a criação da interface gráfica usuário-máquina e para o desenvolvimento da própria internet.
O mouse seria popularizado na metade da década de 1980 pela Apple, quando a empresa era pura invenção e irreverência. O invento do vovô Douglas inspirou os dois Steves - Jobs e Wozinac - na concepção do Macintosh. O que aconteceu depois, a gente conhece.
Também não esqueço da primeira vez que usei um mouse. Uma loucura! Os ícones do windows pareciam despregar da tela, alcançar a janela e ganhar a rua Capote Valente, em Pinheiros. Treinei por três dias seguidos. Verdade que hoje prefiro o trackpad ao rato. Mas é tudo a mesma coisa.
Fiquei comovida quando li que Douglas Engelbart havia nos deixado. Creio que devemos muito a ele e a seus inventos. Junto à emoção, matutei que os computadores pessoais já têm uma história. Ufa, estão envelhecendo.
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mente-aberta/vovô-rato-121810888.html