Nesta terça-feira, o governo chinês suspendeu o banimento dos videogames estrangeiros, medida adotada há 14 anos para “evitar que os jovens chineses desperdiçassem suas vidas jogando”. Uma medida aparentemente em vão pois o mercado cinza continuou abastecendo a China com o contrabando dos consoles da Sony, Microsoft e Nintendo.
Muito provavelmente graças à tal banimento, dois terços do mercado chinês de jogos (avaliado por volta dos US$ 13 bilhões) foram dominados pelos PCs e, muito provavelmente, a outra boa parte do terço oficial restante foi dominada pelos smartphones e tablets Xing-Ling.
O governo chinês permitirá que empresas estrangeiras fabriquem consoles na zona franca de Xangai e os vendam no país após passar pela inspeção do órgão estatal, que seria equivalente ao nosso Ministério da Cultura: os jogos vendidos não podem ter conteúdo subversivo tipo “libertem o Tibet” ou menção à praça Tiananmen.
Lembrando que os jogos mais populares na China são no modelo free-to-play (aka freemium) e a renda mensal de 70% da população é menor que 4.000 yuan (US$ 660), o tio Laguna fica a imaginar o desafio que será para as principais hardwarehouses tentarem convencer pelo marketing toda uma geração de jogadores que cresceram sem pagar 50, 60 dólares por um jogo de PlayStation, XBox ou Wii. E isso tudo supondo que os potenciais gamers chineses não farão uso de consoles modificados para rodar jogos piratas, prática que é absolutamente normal no Brasil.
Olha, se considerássemos a antipatia histórica que a China nutre pelo Japão, poderíamos até dizer que seria uma excelente oportunidade para a Microsoft expandir o mercado do XBox One, um console que vendeu em 2013 1,2 milhão de unidades a menos que o rival na oitava geração, o PlayStation 4 (vírgula dois) milhões.
Antes que a Sony comemore o 2013 ocidental, os especuladores da Nikkei fizeram as ações da Nintendo subirem impressionantes 11% nesta quarta-feira: graças à notícia da abertura do mercado chinês, a Nintendo chegou a um valor de mercado pouco acima dos ¥ 2 trilhões (bem perto dos 19 bilhões de dólares). Bom lembrar que os consoles portáteis da Nintendo já estavam presentes no mercado chinês através da marca iQue, então esse otimismo todo seria baseado num possível sucesso do Wii U por lá?
Seja como for, com o iene desvalorizado e tendo lucro apenas na área de games, a Sony inteira fechou tal pregão da bolsa de Tóquio valendo pouco abaixo dos US$ 18 bilhões. Isso mesmo, a Sony dos smartphones, sistemas de som, TVs e PlayStations vale(u) menos que a Nintendo.
No momento em que o tio Laguna vos escreve (madrugada de quinta-feira, texto publicado às 05:00), provavelmente ambas as gigantes japonesas estarão empatadas na capitalização de mercado (estimo valores próximos a ¥ 1,9 trilhão, US$ 18,2 bilhões). Só para efeito de comparação, a Activision Blizzard vale em torno dos US$ 12,7 bilhões; e a Electronic Arts, US$ 7,1 bilhões.
É, se depender do otimismo do mercado oriental, me parece que a Nintendo não está tão condenada assim, embora eu ache que o Wii U vai tremer bastante quando o PlayStation 4 chegar ao Japão mesmo o console da Sony não tendo lá tantos jogos expressivos no lançamento.
http://meiobit.com/276134/nintendo-torna-se-maior-empresa-que-a-sony-em-valor-de-mercado-apos-abertura-chinesa/