Nesta Quinta Feira, dia 1 de Setembro, pude comparecer ao primeiro dia da BGS, que acontece dos dias 1 a 5 de Setembro na São Paulo Expo. O evento teve um hype menor do que nos últimos anos, que foram muito criticados por diversos motivos, desde organização até o conteúdo disponível. nas redes sociais, era comum encontrarmos pessoas dizendo que essa seria a pior BGS de todas, que ninguém falava nada do evento, que nada era confirmado.... enfim, para nossa grata surpresa, isso foi um mero engano.
Antes dessa eu só tinha ido a edição de 2013, que foi a que trouxe a nova geração para a gente. E ela me deixou com um gosto bem amargo na boca. As duas próximas edições eu não pude comparecer, mas acompanhei através de vídeos, podcasts, textos e conversas com amigos e pude ver o descontento de perto. Assim como muitos, fui nessa de 2016 esperando apenas um evento ok, mas me surpreendi positivamente com o mesmo, tanto com a organização, disposição das estandes e quantidade de coisas que trouxeram para o Brasil. Claro, você ainda acha algumas coisas la e pensa "por que isso ainda ta aqui?", como um Quantum Break ou Uncharted 4, que já foram lançados a um tempo. Mas nada disso chega a incomodar no meio de tanta coisa legal e inédita aqui que trouxeram.
Abaixo falarei um pouco sobre o que pude experienciar, testar ou observar dentro do evento.
Microsoft
Este ano o estande da Microsoft estava realmente muito bonito e bem organizado. Desde toda a estética característica deles, até os funcionários, uniformizados com as cores da empresa. Os jogos estavam bem distribuídos, com os mais aguardados na frente, onde se formavam as filas, e dentro da estande os jogos menores, indies ou jogos já lançados.
No centro, um palco onde a galera estava competindo com o multiplayer de Gears of War 4 ao vivo, num clima bem de festa, com direito do perdedor caindo numa piscina de bolinhas quando perdia. Porem, uma coisa que a Microsoft nunca aprendeu, foi como conter o barulho. Musica bem alta, o volume do jogo alto e o narrador do jogo gritando no microfone realmente atrapalhava quem queria conversar la dentro sobre o que estava jogando. Não levaram um carro, como já fizeram no passado, mas conseguiram compensar isso com certeza.
Mais no extremo esquerdo tínhamos uma alguns consoles para jogarmos Halo Wars 2 e uma sala fechada para o modo horda de Gears 4. Também pude observar algumas pessoas jogando o modo história de Fifa 2017, que está bem bonito e sinto que vai agradar os fãs da franquia. Outro jogo presente era o novo Forza Horizon, que foi um dos jogos mais bonitos que já vi.
Dead Rising 4
Por não ser fã da franquia, optei por não jogar, só assisti meus amigos jogando. E é mais Dead Rising, basicamente um remake do 1 com a engine e gameplay do 3. O jogo segue bonito e com suas armas malucas. Se você curte Dead Rising, ta ai pra você.
Recore
Novo jogo com design do Inafune feito pela equipe de Metroid Prime foi, sem duvida alguma, a maior decepção que tive na BGS. Quando vi de longe já deu vontade de chorar, mas decidi ir jogar e o que vi la foi um joguinho de tiro genérico e de baixo orçamento. Gameplay chato, onde aparece um inimigo, você fica 2 horas atirando nele e usando habilidades visualmente desinteressantes até ele morrer, ai aparece outro igual e você repete, ai aparece um diferente mas que é a mesma bosta e vai embora. Quando finalmente você termina, passe por áreas sem graça até chegar na próxima arena.
Feio tanto graficamente quanto artisticamente e com mecânicas pobres, até o momento não achei melhor do que nada.
Final Fantasy XV
Outro que optei por assistir, por já ter jogado duas demos. Dessa vez, trouxeram a demo da E3 desse ano, que ainda está dividindo opiniões. Alguns amigos meus realmente curtiram, outros não gostaram nem um pouco. O que eu vi me agradou, apesar de ter certeza que aqueles vídeos lindos que vemos nas E3 estarem rodando num PC, por que a qualidade gráfica está bem inferior ao que vemos todo ano, apesar de ter achado essa demo bem bonita.
Halo Wars 2
Pude experimentar uma partida multiplayer do jogo, 3 contra 3. Confesso que não sou o maior entendedor de RTS do mundo, mas o primeiro jogo da franquia foi o único Halo que joguei inteiro e o único que realmente curti, talvez por ser um RTS simplificado e com uma campanha bacana.
Depois de um bom tempo tentando entender o que fazer, o pessoal da estande me ajudou a decifrar o jogo e acabei me divertindo nessa partida. Os controles parecem estar ainda melhores que o primeiro jogo, com muitos atalhos. O time realmente merece parabéns por deixarem RTS tão intuitivo para um console.
Gears of War 4
Joguei o modo horda, 5 players contra PC e posso dizer, é mais Gears. Não encontrei nenhuma grande mudanças, tirando os gráficos (que estavam bem abaixo do que eu esperava, o que é normal para Multiplayer) e o personagem parecendo ser um pouco mais leve (mas ainda com aquele peso da franquia).
Novos tipos de inimigos e armas, mas no geral, é exatamente o que você espera de um Gears of War. Atirar continua uma delícia.
Cuphead
Um jogo que eu estava bem curioso para jogar desde a primeira vez que o vi. Infelizmente, trouxeram a mesma build do ano passado, quando o jogo era só um Boss Rush (na nova build ele também tem fases de plataforma tradicionais), mas deu pra ver a beleza do jogo e também a dificuldade do mesmo, que é bem alta. joguei uns 3 chefes diferentes e, mesmo no multiplayer, não consegui derrotar nenhum. É um jogo que você vai ter que jogar muitas vezes até entender os padrões dos inimigos, mas que você sente sua evolução a cada partida. Sai mais animado ainda dele, espero que as fases de plataforma tenham o mesmo acabamento que os chefes.
Sony
Com uma estande bem bonita também, mas menos estilosa, a Sony possuía menos jogos e muitas coisas sendo mostradas a portas fechadas, como The Last Guardian e Detroit: Become Human, o que me fez aproveitar menos seu estande (quem quiser aproveitar bem, chegue cedo para pegar as senhas).
Alem da mesma demo de Final Fantasy XV (único jogo, alem do jogo do 99 Vidas, a estar nas 2 estandes), a Sony também possuía alguns alguns multiplataformas, como Infinite Warfare e alguns indies, Gran Turismo Sports, que não vi muita gente dando bola.
Outro carro chefe era o Playstation VR, que você tinha que tirar uma senha para testar horas mais tarde, coisa que não consegui no horário que cheguei e nem consegui obter informações a respeito até o momento.
Horizon: Zero Dawn
Provavelmente uma das maiores filas da feira, que certamente eu não tive saco de pegar. Conversei com pessoas que jogaram e geral falou o mesmo: "Jogo de mundo aberto mais lindo que já vi, mecanicamente muito bom, mas a demo está muito ruim." Aparentemente no começo você vê um vídeo sobre o que tem no jogo e depois você joga exatamente o que o vídeo te mostrou. A demo não te da liberdade, não tem quests, detalhe de história nem nada. Porem, todos estão empolgados com o jogo e com o gameplay.
Ubisoft
Estande mais humilde, mas muito boa, mostrava seus principais lançamentos do ano, com alguns cosplays dos jogos no meio. Um palco grande com Just Dance, onde a galera ia la mostras seu gingado.
For Honor
Sem dúvida alguma uma das melhores e mais agradáveis surpresas da feira toda!
Após desistir da demorada fila para o jogo e ficar bem triste com isso, encontrei o mesmo praticamente vazio na estande da NVIDIA e não pensei duas vezes.
Eu já estava animado com o jogo, mas minha empolgação era apenas para o Single Player. Cheguei la e joguei uma partida do Multiplayer e realmente não esperava que fosse gostar tanto.
Primeira surpresa foi jogar no Teclado e Mouse e ver que o jogo ta funcionando muito bem assim. Ainda pretendo jogar no controle, mas a galera que não curte jogar com controle vai ficar feliz com o resultado.
O multiplayer do jogo é quase um captura de território misturado com um gameplay mais "lento" de um Dark Souls e um pouquinho de Moba. É o clássico um time ataca e o outro defende. Enquanto os 4 players lutam pelo território, o computador controla vários NPC's para os dois times que estão na guerra também. Esses npc's vc mata basicamente com 1 golpe e enche sua vida enquanto você mata eles. Ja as lutas entre jogadores é mais técnica, onde você tem que encontrar a abertura para atacar e defender, posicionando onde quer deixar sua guarda. No 1x1 a luta é bem justa, mas 2x1 já fica complicado. Mas o jogo ativa algo muito odiado em jogos MP que nesse acho essencial... o famoso Friend Fire. Sem ele, 2x1 seria um massacre, mas com ele os adversários não podem só sair te atacando que nem loucos, ou vão se acertar também. Em dado momento um adversário bateu tanto no amigo dele ao ponto que eu imaginei que o cara iria desencanar de mim e eles iriam brigar.
Outro ponto a se destacar são os gráficos. Obviamente, joguei na estande da NVIDIA nos PC's monstros deles, provavelmente tudo no Ultra, mas até vendo a galera jogar nos consoles eu acredito que ninguém vai reclamar de Downgrade. A Ubisoft aprendeu a lição, aparentemente. Jogo ta lindo!
Steep
Pude jogar um pouco do novo jogo de esportes da Ubisoft e acredito que ele vai ter seu publico. O jogo possui uma montanha que aparenta ser bem grande, você escolhe o ponto que quer começar, qual equipamento vai usar e depois é só se divertir. Existem missões pra você cumprir relacionadas a modalidade escolhida (tempo x, caminho y, essas coisas), mas sinto que o carro chefe vai ser o multiplayer, com a galera correndo junto la usando diversos equipamentos.
O jogo ta bem bonito e com uma física bem boa, logo, se esperava aquela física arcade de um clássico Cool Boarders esquece.
Gwent
O sucesso que Gwent fez dentro de Witcher 3 não poderia deixar de virar um novo jogo, e a CD Projeck Red trouxe ele para a BGS.
Eu já curtia jogar ele no Witcher 3, mas eu não esperava curtir tanto essa nova versão. Joguei uma única partida, mas fiquei surpreso com o resultado. O jogo segue as mesmas regras, mas está com muito mais cartas que deixam o mesmo bem mais complexo. Alem disso o design ta bem superior, as cartas estão lindas ao ponto de eu querer todas físicas.
O estande era bem grande, o que foi uma surpresa visto que só mostraram esse jogo. Mas estava sempre com muita gente, mostrando a aprovação do mesmo.
The Unspoken (Oculus Rift)
Uma das coisas que eu mais estava ansioso para testar, eu estava bem decepcionado quando vi que não conseguiria o da Sony, que Batman VR era só para pessoas VIP e os 12 primeiros a chegar e que Resident Evil 7 era a mesma demo da E3 sendo jogada sem VR.
Quando encontrei a estande NVIDIA com isso e quase vazia não pensei 2 vezes e fui pra fila (que durou uns 40 minutos, que encarei de canela quebrada mesmo).
Um dos motivos de eu estar muito ansioso para testar era pra saber se a tecnologia funcionaria comigo. Sou praticamente cego do olho esquerdo (possuo só a visão periférica) e não são todas as tecnologias 3D que funcionam comigo. A mais de 2 anos fico curioso pra saber como isso é e nunca consegui testar, e sempre fiquei com essa duvida me corroendo. Quando coloquei e, após os ajustes (o aparelho tem que ser ajustado para cada pessoa, para a tela não ficar borrada) entrei naquele mundo eu não consegui conter a felicidade. Funcionou e funcionou bem pra caralho!
Desde seu anuncio vejo muita gente falar "modinha que vai morrer logo", "só gimmick, nunca vai substituir o console" e baboseiras do tipo. Obviamente só vejo pessoas que nunca usaram a tecnologia falando isso, o que é normal. Aparentemente, não importa o quão inovador vídeo game é para entretenimento, boa parte do seu publico quer ir contra a excelência do mesmo. Isso acontece com qualquer mudança dentro da industria.
Dito isso, não acredito que VR va substituir o jogo tradicional um dia, mas que ele vai sempre existir em paralelo, como um portátil, um celular, um jogo de browser ou, indo mais longe, um jogo de cartas, um jogo de tabuliero.... ele é a nova coisa no sentido "jogo" ou até "experiencia", e não o "novo video game".
E tudo isso graças ao 3D do mesmo. A impressão que eu tive, ao usa-lo, é que toda a tecnologia 3D que já conheci, desde a clássica de 2 cores, cinema, tv, 3DS.... toda a evolução dentro disso, foi apenas um ensaio para ela ser usada para algo que realmente faz a diferença, que é o VR. Todas as vezes que te falaram "vai ver tal filme em 3D que é imersivo" e você só via cenas babacas de coisas voando na tela (que ficavam ainda mais bobas quando você assistia sem o 3D) foram um estudo, e agora sim podemos usar 3D e Imersão na mesma frase sem soar falso.
O jogo que joguei foi The Unspoken, que está sendo desenvolvido pela Insomniac Games (de Ratchet & Clank e do recente Song of the Deep). O que joguei mais pareceu o tutorial do que o jogo, mas o principal é realmente a experiência. Nessa demo, você está parado em um ambiente meio destruído e é impressionante como você se sente dentro dele. Olhe a sua volta e você ve o metro passando nos trilhos acima de você, prédios, ruas....
Nessa demo você não consegue andar com os analógicos (não sei se vai ser implementado nesse jogo). Você basicamente controla suas mãos (e o movimento é 1 pra 1, é impressionante isso), com a esquerda (azul) você, apertando um gatilho, ativa um escudo. Com a direita (vermelha) você ativa uma bola de fogo. Jogue a bola nos alvos, e use o escudo para se defender dos ataques. Alem disso, com a esquerda, você usa uns itens especiais, que vão desde uma bigorna, que você tem que usar uma marreta para bater no lugar certo e criar um ataque, até você ter que desenhar um quadrado, que vira uma folha, e você vai dobrando ela até ela virar um avião.
Um jogo bem simples, feito para mostrar a tecnologia, mas que funciona para sua proposta. Levamos anos para aprendermos o que fazer com os pixels do Atari até virarem belos jogos no Nes. Anos para aprendermos a usar os polígonos 3D até virarem os complexos jogos que vemos hoje em dia. E com essa tecnologia não vai ser diferente. O que temos hoje é um protótipo do que veremos nos próximos anos, e visto como ela começou e como ela já esta, esse caminho vai ser bem mais curto do que no passado. Imagino o quão mais eu não teria me envolvido em um Gone Home ou Firewatch com essa tecnologia. Sem duvida a coisa que mais sai empolgado de toda a feira.
Indies
A feira também abriu bastante espaço para os mesmos, alguns dentro das estandes da Sony e Microsoft, mas também com muitos jogos menores buscando suas oportunidades. Uma coisa que gostei muito foi que, diferente de muito evento, os indies estavam próximos das grandes empresas, e não jogados em um canto esquecido da feira onde poucos iriam vê-los.
Alem disso tivemos algumas grandes lojas la, alem das já esperadas Americanas, Saraiva e Submarino, tinha um belo estande da ToyShow para passarmos vontade com excelentes colecionáveis e a Bazar Magic, com diversos jogos da Galapagos, alem de Magic, RPG's e derivados.
Não consegui falar de tudo o que tinha na feira, tentei focar mais no que joguei ou vi mais de perto, mas sem duvida alguma a melhor edição da BGS, a organização esta de parabéns por esse primeiro dia. Espero realmente que isso marque uma nova fase da feira e que a mesma melhore e conquiste mais publico a cada ano.
Última edição por Bonatti em Sex 02 Set 2016, 18:16, editado 2 vez(es)