http://www.amigosdoforum.com.br/voce-provavelmente-foi-enganado-pelo-documentario-faces-da-morte/
Poucas coisas me irritam como vídeos de gore sendo compartilhados como algo normal. Não é difícil receber em grupos de WhatsApp pessoas sendo mortas, decapitadas e todo tipo de barbárie. A glamourização do gore não é de hoje e muito menos culpa da tecnologia. A mensagem sempre existiu, o que muda é o meio em que ela é transmitida. Se você foi adolescente nas décadas de 80 e 90, certamente foi “obrigado” pelos seus amigos mais corajosos a assistir um documentário chamado Faces da Morte.
Um dos grandes virais de uma geração, o VHS de Faces da Morte passava de mão em mão, e todo mundo sentia um frio na espinha quando lia que ele havia sido banido em mais de 40 países. Era um espetáculo do horror, com rituais satânicos e execuções. Mas o plot-twist veio na edição especial do “documentário”: grande parte das cenas mostradas (ao menos as mais famosas) não passava de pura encenação.
A enganação já começava pela capa: Faces da Morte foi banido em apenas 5 países, mas essa mentira despertava a curiosidade, e desde que foi lançado em 1978 se tornou parte do ritual que transformava meninos em homens. O criador da franquia (que conta com 4 sequências) John Alan Schwartz contou um pouco de como foram as encenações em The Death Makers, parte da edição especial de 30 anos.
A luta entre os cachorros não foi tão sangrenta: não passava de uma deliciosa geleia aplicada nos dogs. O macaco que teve o cérebro devorado por turistas americanos? Tudo gravado em um restaurante marroquino em Nova York. A iguaria era apenas couve-flor banhada em sangue cenográfico dentro da cabeça de um boneco. O homem morto na cadeira elétrica? Filmada na casa de um amigo do diretor, o ator simplesmente soltava creme dental pela boca. E ninguém foi comido por jacaré.
Mas infelizmente muitas cenas mostradas ali são reais, como acidentes de carro e animais mortos de maneira brutal em abatedouros (imagens que circulam até hoje em campanhas contra o consumo de carne). Mas Faces da Morte foi a maior trollada de uma juventude que não contava com as maravilhas da internet pra descobrir as mentiras, e na verdade, era bem inocentes por não perceber certos absurdos.
No fundo só queríamos compartilhar com amigos a sensação escrota de ver seres vivos sofrendo. Algo que ainda pulsa forte, basta ver a quantidade de vídeos do tipo que circulam diariamente em grupos de WhatsApp. Aliás, é bem provável que você tenha nos arquivos do seu celular dezenas de fotos de presos mutilados durante as rebeliões do começo do ano.
Fake ou não, Faces da Morte expõe um certo voyerismo para a perversidade. Bons sonhos.
Poucas coisas me irritam como vídeos de gore sendo compartilhados como algo normal. Não é difícil receber em grupos de WhatsApp pessoas sendo mortas, decapitadas e todo tipo de barbárie. A glamourização do gore não é de hoje e muito menos culpa da tecnologia. A mensagem sempre existiu, o que muda é o meio em que ela é transmitida. Se você foi adolescente nas décadas de 80 e 90, certamente foi “obrigado” pelos seus amigos mais corajosos a assistir um documentário chamado Faces da Morte.
Um dos grandes virais de uma geração, o VHS de Faces da Morte passava de mão em mão, e todo mundo sentia um frio na espinha quando lia que ele havia sido banido em mais de 40 países. Era um espetáculo do horror, com rituais satânicos e execuções. Mas o plot-twist veio na edição especial do “documentário”: grande parte das cenas mostradas (ao menos as mais famosas) não passava de pura encenação.
A enganação já começava pela capa: Faces da Morte foi banido em apenas 5 países, mas essa mentira despertava a curiosidade, e desde que foi lançado em 1978 se tornou parte do ritual que transformava meninos em homens. O criador da franquia (que conta com 4 sequências) John Alan Schwartz contou um pouco de como foram as encenações em The Death Makers, parte da edição especial de 30 anos.
A luta entre os cachorros não foi tão sangrenta: não passava de uma deliciosa geleia aplicada nos dogs. O macaco que teve o cérebro devorado por turistas americanos? Tudo gravado em um restaurante marroquino em Nova York. A iguaria era apenas couve-flor banhada em sangue cenográfico dentro da cabeça de um boneco. O homem morto na cadeira elétrica? Filmada na casa de um amigo do diretor, o ator simplesmente soltava creme dental pela boca. E ninguém foi comido por jacaré.
Mas infelizmente muitas cenas mostradas ali são reais, como acidentes de carro e animais mortos de maneira brutal em abatedouros (imagens que circulam até hoje em campanhas contra o consumo de carne). Mas Faces da Morte foi a maior trollada de uma juventude que não contava com as maravilhas da internet pra descobrir as mentiras, e na verdade, era bem inocentes por não perceber certos absurdos.
No fundo só queríamos compartilhar com amigos a sensação escrota de ver seres vivos sofrendo. Algo que ainda pulsa forte, basta ver a quantidade de vídeos do tipo que circulam diariamente em grupos de WhatsApp. Aliás, é bem provável que você tenha nos arquivos do seu celular dezenas de fotos de presos mutilados durante as rebeliões do começo do ano.
Fake ou não, Faces da Morte expõe um certo voyerismo para a perversidade. Bons sonhos.