De falsas capturas de tela a especificações técnicas, eles mentem para nós todos os dias. Não, não estou falando do governo, mas do mundo dos jogos. Diariamente, somos bombardeados por meias verdades, fotos tratadas e mentiras deslavadas sobre a capacidade de um jogo ou console, mesmo pelas produtoras que mais amamos.
O fato é que a indústria dos jogos vive de “mentiras brancas”, carinhosamente elaboradas para garantir que você, jogador, seja direcionado para gastar seu dinheiro no que acredita ser a crista da onda. Neste sentido, títulos como Aliens: Colonial Marines e Sim City, estão apenas na ponta de um iceberg, que cresce mais a cada grande lançamento.
Ok, propaganda pode até ser a alma do negócio, o problema é que estas mentirinhas estão se tornando constantes demais, e o branco delas já está ficando encardido. Para ajudar você, amigo leitor, a se prevenir – e não comprar gato por lebre – montamos este singelo guia contra a vigarice intelectual.
Não é só o bolo que é uma mentira.
Bullshots
Durante a promoção de um jogo, poucas coisas são tão importantes quanto a divulgação de imagens. Além de explicar visualmente a temática abordada, as capturas de tela servem para criar no jogador uma sensação de ansiedade, fazer com que este se imagine jogando. Partindo dessa grande importância do visual, muitas empresas passaram a “maquiar” estas capturas de tela, criando os bullshots.
Bullshot é um neologismo surgido da mistura entre bullshit (lorota, em tradução família) e screenshot (captura de tela). O fenômeno – que já podia ser encontrado nas faraônicas revistas da época do Super Nintendo, significa que a captura recebeu alguma forma de manipulação digital para ficar mais bonita.
O procedimento virou tão padrão que, mesmo títulos bonitos como Heavy Rain e Resistance 2, foram inegavelmente promovidos com fotos de divulgação adulteradas, liberadas na cara de pau como imagens in-game.
A seguir comparações de: Star Ocean: The Last Hope e Dead or Alive 2. É só olhar.
Trailers de divulgação
Tão importantes quanto as imagens são os trailers de divulgação. Na ambição de apresentar uma experiência empolgante para o jogador, os trailers de games recebem tratamentos tão grandes quanto qualquer produção de Hollywood. Explosões, lagrimas, e emoção transbordam a cada novo trailer divulgado, mesmo que o jogo em questão seja Tetris.
Efeitos de iluminação de primeira, inteligência artificial agressiva... Na jornada pelo trailer perfeito, poucas produtoras foram tão longe quanto a Gearbox, com seu polêmico Aliens: Colonial Marines, em que o trailer produzido simplesmente não tem nenhuma relação com o produto final entregue. Pode isso, produção?
Impossibilidade tecnológica
Na guerra pelo mercado de consoles, muitas vezes desenvolvedoras assinam contratos de exclusividade para grandes games. Acompanhados de várias desculpas (que vão desde “capacidade da mídia” até especificidades de processamento ou gráficos), chega a ser cômico o número de títulos que depois de pouco tempo migram para outras plataformas e até celulares.
No caso mais recente, Final Fantasy XIII, largamente advertido pela Sony como um dos grandes exclusivos que só seriam possíveis graças ao poder do PlayStation 3, foi subitamente apresentado durante a E3 de 2008 para o Xbox 360, console rival. A reação da comunidade foi ótima.
Multiplataformas idênticos
Seguindo a quebra da exclusividade, produtores de jogos sempre falam em títulos idênticos. Bem, como diria o saudoso Padre Quevedo: isso non ecsiste. Jogos são desenvolvidos claramente com um console em mente. Fazer um título em cima de uma plataforma e hardware alvo para posteriormente replicá-lo em estruturas completamente diferentes a tempo de fazer um lançamento simultâneo é simplesmente impossível. Mesmo títulos portados com uma grande diferença de tempo costumam ser largamente inferiores aos que eram às suas versões originais.
Na lista de longas comparações podemos citar Bayonetta, Red Dead Redemption e até mesmo o próprio Final Fantasy XIII. Para suportar a ideia, em muitos casos, as imagens apresentadas para ambos os consoles (bullshots, naturalmente) são apenas montagens de uma mesma imagem, com um logo diferente.
Síndrome Peter Molyneux
Conhecido por seus projetos megalomaníacos e realizações decepcionantes, o designer francês merece ter seu nome estampado nesta lista. É imenso o número de desenvolvedoras que prometem coisas revolucionárias e entregam produtos absolutamente genéricos.
"Fable: The Journey não é on rails", jurou Molyneux dezesseis vezes seguidas..."
Enquanto obras como Fable ainda primam por uma certa qualidade – embora entreguem sempre menos de metade das coisas prometidas – outras, além de anunciar verbalmente coisas surreais, chegam ao absurdo de encenarem funcionalidades inexistentes em seus trailers, como aconteceu com Red Steel, Alien: Colonial Marines (esse é campeão), e praticamente qualquer título de Kinect (e seu lendário tempo de resposta instantâneo).
Bancando o Gepeto
Seguida esta pequena lista de... detalhes... a serem observados, o fato é que: é importante estar consciente. Ser divulgado por propagandas adulteradas não significa que um jogo seja ruim, até porque, muitas vezes, os departamentos de design e marketing são duas coisas completamente separadas.
Ainda assim, como consumidores devemos estar atentos, não só para cobrarmos das desenvolvedoras aquelas promessas, como também para não apoiarmos empresas que entregam qualquer lixo para conseguir nosso dinheiro. Assim como Gepeto, devemos estar espertos, para garantir que nossos amados Pinóquios não nos peguem desprevenidos e de calças baixas.
Quem é a EA do papai?
Fonte: http://www.gameblast.com.br/2013/05/as-mentiras-mais-recorrentes-na.html