Isso aí, papitos.
Depois de meu Dredd fuderoso, segue review despretensioso (e sem spoilers) sobre um novo clássico: Drive. Não assistiu ainda? Bitch, please...
De resto, prestigiem, putos, pois deu trabalho.
[REVIEW] DRIVE (+real hero inside)
0. Ficha técnica
Título: Drive.
Gênero: ação, drama.
País: USA (Los Angeles).
Idioma: inglês.
Duração: 100 minutos.
Data de lançamento: 20/05/2011 (em Cannes), 16/09/11 (cinema).
Script: Hossein Amini.
Diretor: Nicolas Winding Refn.
Elenco: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston, Christina Hendricks, Ron Perlman, Oscar Isaac e Albert Brooks.
Estúdio: Bold Films.
Distribuidor: FilmDistrict.
IMDB = http://www.imdb.com/title/tt0780504/
Wikipedia = http://en.wikipedia.org/wiki/Drive_(2011_film)
Trailer oficial = https://www.youtube.com/watch?v=CWX34ShfcsE
1.Forever Driver alone
Eleito o filme do ano 2011 no festival de Cannes, Drive mostrou que a parceria do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn e o ator canadense Ryan Gosling rendeu bem. O primeiro ficou conhecido e o segundo ficou com moral alta em Hollywood. O filme é uma adaptação de uma história de mesmo nome e, apesar do título direto e envolver carros, não é uma película de ação como outros "filmes de possantes" (Velozes e Furiosos, Drive Andry, Gone in 60 seconds etc) mas sim um filme de drama que tem como pano de fundo este ambiente. Já de antemão, Drive é um filme simples mas de visual diferenciado, com muito neon, mafiosos nervosos, calça de brim, mulheres indefesas e gargantas sendo cortadas, tudo isso com um visual estiloso, quase [marcos mion] videoclíptíco [/marcos mion].
Na trama temos o motorista (Driver) protagonizado por Gosling. O filme roda todo ao seu redor: um cara sério, calado (fala muito pouco), que trabalha com carros e vive sozinho num apartamento escuro e espartano. O sujeito faz bicos como dublê de ação (perseguições policiais, capotamentos, etc) pelas manhãs, trabalha como mecânico durante a tarde e, a noite, ainda oferece suas habilidades de "racheiro" para bandidos que queiram realizar assaltos e precisem fugir da polícia (claro, contanto que paguem bem pela carona). Sintetizando o personagem ao máximo, ele é a figura do héroi sem identidade: seu nome nem é dito no filme, é dublê de ação (o cara que "se joga de verdade", não o "herói fabricado"), é sozinho no mundo e, no lugar do cavalo branco e armadura, tem um mustang velho, veste uma jaqueta de escorpião e anda com palito na boca.
The man
Apesar de parecer um sujeito demasiadamente quieto e "na dele", com o passar do tempo percebe-se que o "Driver", apesar de ser o mocinho, é um sujeito com 2 desvios visíveis: precisa de adrenalina pra viver (por isso gosta de virar motorista de marginal a noite) e pode ser extremamente violento quando necessário (Vin Diesel é quase mirim perto dele). Em poucas palavras, o cara é uma panela de pressão silenciosa: se precisar explodir, ele IRÁ EXPLODIR.
2. Driver "família"
The girl
A mudança surge com Irene, interpretada por Mulligan (não é gostosa mas é bonitinha e charmosa), e seu filho latino cabeçudo Benício. Vizinha de apartamento do cara, nunca deram as caras. Até que, durante uma rotineira visita ao supermercado do bairro, vê a donzela e seu pupilo com o motor arriado. A partir do momento que Driver oferece carona, se apresenta como vizinho e diz que é mecânico, o passaporte para confusão acaba de ser - como sempre - carimbado.
Happy family
Após um rápido envolvimento com o moleque e sua mãe (garçonete num restaurante local), Driver começa a ter um relacionamento "família" com os dois: leva o guri pra passear no carango (cena clássica, boa música, videoclipe total), dá uma cheirada no cangote da mina e vai se engraçando (mas sem nunca chegar aos "finalmentes", apenas jogada de olhar faceiro, lance respeitoso).
3. Driver hero
The carcamano
Como tudo que é bom dura pouco, o pior - obviamente - ainda está por vir. O marido da mina sai da cadeia, volta pra casa com festinha e tudo (Driver fica deprê, mais música - boa - estilo videoclipe), e deve uma grana pra um mafioso judeu carcamano tarado por facas e dono de pizzaria, interpretado por Albert Brooks. A partir desse ponto, Driver toma a decisão que irá dar toda a reviravolta do filme: ele topa ajudar o marido 171 em prol da segurança de Irene e do garoto, mas o vacilão é morto e Driver é posto contra a parede pelo time do mafioso (bad idea...).
...F-U-C-K Y-O-U!!!
É neste trecho que o antagonista percebe que deveria ter continuado a fazer pizzas ao invés de ameaçar um sujeito como Driver. Afinal, o cara está puto e irá retribuir a altura, com direito a tiro de 12 na cabeça e facada na jugular, tudo regado com cenas de carro e algumas strippers com peitinhos de fora.
"Hammer time, motherfucker!"
Apesar do ambiente ser tenso, o clima não é trash - muito pelo contrário - tudo é sério, a fotografia é IMPECÁVEL e os ângulos de câmera/iluminação dignos de documentário.
Cena do elevador
Outro detalhe que chama a atenção é a trilha sonora, muita bem feita e com um quê meio anos 80 melódico. A inserção das músicas durante as cenas também ajuda com o clima e foge do padrão.
Cena do passeio (college - real hero)
Cena do apartamento (college - under your spell)
4. Curiosidades
Apesar de ter uma trama simples, o filme tem muitas analogias e "tiradas" que requerem uma análise um pouco mais detalhada para entender a história por completo. A própria jaqueta de escorpião do protagonista mostra um paradoxo que, obviamente, se quebra durante a história: um cara legal, mas nervoso e com adrenalina na veia, não pode renegar sua natureza, ou seja, querer ficar com a donzela e seu filho é utopia. Essa lógica ocorre porque ele é como um escorpião - fica quieto na dele, mas se precisar dar o bote... ele dará. A própria cena do elevador explica esse "lado bivolt" do sujeito: um beijo roubado, mostrando o amor por Irene; seguido do espancamento de um capanga até a morte, mostrando a fúria do cara com aqueles que se metem no seu caminho.
Outro detalhe é a motivação e a forma de pensar do protagonista quando numa situação de perigo. Ele não quer se vingar da máfia nem ficar com o dinheiro roubado mas apenas não arranjar confusão pra ele, Irene e o garoto. Quanto à máscara que ele usa para atacar, o mesmo faz isso com o intuito de tocar o terror, barbarizar a bandidagem e - ao mesmo - poder extravasar (junta a fome (a necessidade de se defender) com a vontade de comer (o desejo de detonar tudo)). Logicamente os antagonistas não pensam assim e, devido a brutalidade dele, acham que o cara é até do ramo.
É como diz um trecho da música: "...you're emotionally complex". Apesar de parecer sem nexo, a frase tem ligação com a psiquê distorcida do personagem.
Por fim, um detalhe enfatizado pelos que não gostaram de Drive é quanto a velocidade das coisas. Pra muita gente, ele é um filme chato por ser "parado", mas isso não condiz com a realidade e nem seria um demérito. Afinal, é um filme de drama, que foca no visual diferenciado e tem algumas cenas pauleira - não é um filme de ação que tem visual comum e se sustenta totalmente em porradaria. Afinal, só pela fotografia e montagem já dá pra perceber que não é esse o foco da película.
Prós:
+ Filme simples e enxuto, com bons personagens e diálogos curtos;
+ Visual competente, clima cru e violento, meio anos 80;
+ Apesar de rápido, tem a presença da minha waifu Christina Hendricks;
+ Fotografia impecável e trilha sonora inspirada;
+ Custou 13 milhões, fez mais de 77.
Contras:
- É violento, mas não tem muita ação. Quem espera um "Velozes e Furiosos", vai se frustar;
- Apesar de ter tomadas inspiradas, nem todo mundo irá sacar o lado artístico de muitas cenas;
- Contém algumas analogias e certos detalhes que passam despercebido pelo público comum.
5. Notal final: 8.0
Veredicto final: apesar de simples, não é um filme para qualquer um (algumas pessoas podem achá-lo sem graça, outros podem achá-lo um filmaço). No geral, quem curte ação e procura rachas, mulheres gostosas e visual colorido, Drive não tem esse enfoque e merece, no máximo, um 7. Agora, pra quem curte drama, história focada no personagem e deseja um filme de visual mais "artístico", Drive leva fácil um 9. Na dúvida, fico no 8 pra ser justo.
Última edição por D.O.G.S em Sáb 08 Jun 2013, 23:45, editado 17 vez(es)
Depois de meu Dredd fuderoso, segue review despretensioso (e sem spoilers) sobre um novo clássico: Drive. Não assistiu ainda? Bitch, please...
De resto, prestigiem, putos, pois deu trabalho.
[REVIEW] DRIVE (+real hero inside)
0. Ficha técnica
Título: Drive.
Gênero: ação, drama.
País: USA (Los Angeles).
Idioma: inglês.
Duração: 100 minutos.
Data de lançamento: 20/05/2011 (em Cannes), 16/09/11 (cinema).
Script: Hossein Amini.
Diretor: Nicolas Winding Refn.
Elenco: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston, Christina Hendricks, Ron Perlman, Oscar Isaac e Albert Brooks.
Estúdio: Bold Films.
Distribuidor: FilmDistrict.
IMDB = http://www.imdb.com/title/tt0780504/
Wikipedia = http://en.wikipedia.org/wiki/Drive_(2011_film)
Trailer oficial = https://www.youtube.com/watch?v=CWX34ShfcsE
1.
Eleito o filme do ano 2011 no festival de Cannes, Drive mostrou que a parceria do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn e o ator canadense Ryan Gosling rendeu bem. O primeiro ficou conhecido e o segundo ficou com moral alta em Hollywood. O filme é uma adaptação de uma história de mesmo nome e, apesar do título direto e envolver carros, não é uma película de ação como outros "filmes de possantes" (Velozes e Furiosos, Drive Andry, Gone in 60 seconds etc) mas sim um filme de drama que tem como pano de fundo este ambiente. Já de antemão, Drive é um filme simples mas de visual diferenciado, com muito neon, mafiosos nervosos, calça de brim, mulheres indefesas e gargantas sendo cortadas, tudo isso com um visual estiloso, quase [marcos mion] videoclíptíco [/marcos mion].
Na trama temos o motorista (Driver) protagonizado por Gosling. O filme roda todo ao seu redor: um cara sério, calado (fala muito pouco), que trabalha com carros e vive sozinho num apartamento escuro e espartano. O sujeito faz bicos como dublê de ação (perseguições policiais, capotamentos, etc) pelas manhãs, trabalha como mecânico durante a tarde e, a noite, ainda oferece suas habilidades de "racheiro" para bandidos que queiram realizar assaltos e precisem fugir da polícia (claro, contanto que paguem bem pela carona). Sintetizando o personagem ao máximo, ele é a figura do héroi sem identidade: seu nome nem é dito no filme, é dublê de ação (o cara que "se joga de verdade", não o "herói fabricado"), é sozinho no mundo e, no lugar do cavalo branco e armadura, tem um mustang velho, veste uma jaqueta de escorpião e anda com palito na boca.
The man
Apesar de parecer um sujeito demasiadamente quieto e "na dele", com o passar do tempo percebe-se que o "Driver", apesar de ser o mocinho, é um sujeito com 2 desvios visíveis: precisa de adrenalina pra viver (por isso gosta de virar motorista de marginal a noite) e pode ser extremamente violento quando necessário (Vin Diesel é quase mirim perto dele). Em poucas palavras, o cara é uma panela de pressão silenciosa: se precisar explodir, ele IRÁ EXPLODIR.
2. Driver "família"
The girl
A mudança surge com Irene, interpretada por Mulligan (não é gostosa mas é bonitinha e charmosa), e seu filho latino cabeçudo Benício. Vizinha de apartamento do cara, nunca deram as caras. Até que, durante uma rotineira visita ao supermercado do bairro, vê a donzela e seu pupilo com o motor arriado. A partir do momento que Driver oferece carona, se apresenta como vizinho e diz que é mecânico, o passaporte para confusão acaba de ser - como sempre - carimbado.
Happy family
Após um rápido envolvimento com o moleque e sua mãe (garçonete num restaurante local), Driver começa a ter um relacionamento "família" com os dois: leva o guri pra passear no carango (cena clássica, boa música, videoclipe total), dá uma cheirada no cangote da mina e vai se engraçando (mas sem nunca chegar aos "finalmentes", apenas jogada de olhar faceiro, lance respeitoso).
3. Driver hero
The carcamano
Como tudo que é bom dura pouco, o pior - obviamente - ainda está por vir. O marido da mina sai da cadeia, volta pra casa com festinha e tudo (Driver fica deprê, mais música - boa - estilo videoclipe), e deve uma grana pra um mafioso judeu carcamano tarado por facas e dono de pizzaria, interpretado por Albert Brooks. A partir desse ponto, Driver toma a decisão que irá dar toda a reviravolta do filme: ele topa ajudar o marido 171 em prol da segurança de Irene e do garoto, mas o vacilão é morto e Driver é posto contra a parede pelo time do mafioso (bad idea...).
...F-U-C-K Y-O-U!!!
É neste trecho que o antagonista percebe que deveria ter continuado a fazer pizzas ao invés de ameaçar um sujeito como Driver. Afinal, o cara está puto e irá retribuir a altura, com direito a tiro de 12 na cabeça e facada na jugular, tudo regado com cenas de carro e algumas strippers com peitinhos de fora.
"Hammer time, motherfucker!"
Apesar do ambiente ser tenso, o clima não é trash - muito pelo contrário - tudo é sério, a fotografia é IMPECÁVEL e os ângulos de câmera/iluminação dignos de documentário.
Cena do elevador
Outro detalhe que chama a atenção é a trilha sonora, muita bem feita e com um quê meio anos 80 melódico. A inserção das músicas durante as cenas também ajuda com o clima e foge do padrão.
Cena do passeio (college - real hero)
Cena do apartamento (college - under your spell)
4. Curiosidades
Apesar de ter uma trama simples, o filme tem muitas analogias e "tiradas" que requerem uma análise um pouco mais detalhada para entender a história por completo. A própria jaqueta de escorpião do protagonista mostra um paradoxo que, obviamente, se quebra durante a história: um cara legal, mas nervoso e com adrenalina na veia, não pode renegar sua natureza, ou seja, querer ficar com a donzela e seu filho é utopia. Essa lógica ocorre porque ele é como um escorpião - fica quieto na dele, mas se precisar dar o bote... ele dará. A própria cena do elevador explica esse "lado bivolt" do sujeito: um beijo roubado, mostrando o amor por Irene; seguido do espancamento de um capanga até a morte, mostrando a fúria do cara com aqueles que se metem no seu caminho.
Outro detalhe é a motivação e a forma de pensar do protagonista quando numa situação de perigo. Ele não quer se vingar da máfia nem ficar com o dinheiro roubado mas apenas não arranjar confusão pra ele, Irene e o garoto. Quanto à máscara que ele usa para atacar, o mesmo faz isso com o intuito de tocar o terror, barbarizar a bandidagem e - ao mesmo - poder extravasar (junta a fome (a necessidade de se defender) com a vontade de comer (o desejo de detonar tudo)). Logicamente os antagonistas não pensam assim e, devido a brutalidade dele, acham que o cara é até do ramo.
É como diz um trecho da música: "...you're emotionally complex". Apesar de parecer sem nexo, a frase tem ligação com a psiquê distorcida do personagem.
Por fim, um detalhe enfatizado pelos que não gostaram de Drive é quanto a velocidade das coisas. Pra muita gente, ele é um filme chato por ser "parado", mas isso não condiz com a realidade e nem seria um demérito. Afinal, é um filme de drama, que foca no visual diferenciado e tem algumas cenas pauleira - não é um filme de ação que tem visual comum e se sustenta totalmente em porradaria. Afinal, só pela fotografia e montagem já dá pra perceber que não é esse o foco da película.
Prós:
+ Filme simples e enxuto, com bons personagens e diálogos curtos;
+ Visual competente, clima cru e violento, meio anos 80;
+ Apesar de rápido, tem a presença da minha waifu Christina Hendricks;
+ Fotografia impecável e trilha sonora inspirada;
+ Custou 13 milhões, fez mais de 77.
Contras:
- É violento, mas não tem muita ação. Quem espera um "Velozes e Furiosos", vai se frustar;
- Apesar de ter tomadas inspiradas, nem todo mundo irá sacar o lado artístico de muitas cenas;
- Contém algumas analogias e certos detalhes que passam despercebido pelo público comum.
5. Notal final: 8.0
Veredicto final: apesar de simples, não é um filme para qualquer um (algumas pessoas podem achá-lo sem graça, outros podem achá-lo um filmaço). No geral, quem curte ação e procura rachas, mulheres gostosas e visual colorido, Drive não tem esse enfoque e merece, no máximo, um 7. Agora, pra quem curte drama, história focada no personagem e deseja um filme de visual mais "artístico", Drive leva fácil um 9. Na dúvida, fico no 8 pra ser justo.
Última edição por D.O.G.S em Sáb 08 Jun 2013, 23:45, editado 17 vez(es)